Pode ser o português. Mais de 2 mil empresas da CPLP – Comunidade de Países de Língua Portuguesa vão encontrar-se esta semana em Braga
Entre os 10 maiores clientes de Portugal apenas encontramos um país que fala português: Angola. A pátria de Agostinho Neto ocupa, atualmente, o sexto lugar entre as nossas exportações, uma queda brutal em relação a 2014, que custou ao nosso saldo exportador 834 milhões de euros. Com o preço do petróleo em baixa, Angola está em crise.
Mas não é o maior mercado da CPLP. O Brasil, com os seus 200 milhões de habitantes, é o nosso 12.º cliente. Moçambique é o 18.º; Cabo Verde o 28.º; a Guiné Bissau o 50.º; São Tomé e Príncipe o 52.º, a Guiné Equatorial o 59.º e Timor-Leste já está para lá do top 100, em 104.º lugar.
Entre os nossos fornecedores, só Angola e o Brasil são significativos. Angola vende-nos combustíveis, Portugal exporta, para lá, máquinas, aparelhos e produtos alimentares. Com o Brasil a situação é semelhante: importamos combustíveis e exportamos máquinas, aparelhos e produtos agrícolas. Para estes dois países, a China é o parceiro de eleição.
Olhando para estes rankings, podemos dizer que ainda há (quase) todo um mundo comercial por conhecer. Afinal, falamos de um mercado de 9 países, espalhados por 4 continentes, com 250 milhões de pessoas. E é esta CPLP empresarial que se vai encontrar em Braga, esta semana (quinta e sexta-feiras), o 2.º Fórum da União de Exportadores da Comunidade de Países de Língua Portuguesa.
“É uma oportunidade de fazer negócios”, garante Salimo Abdula, presidente da Confederação Empresarial da CPLP, dando como exemplo o agendamento de 300 encontros particulares entre empresas interessadas em negociar umas com as outras.
A língua, sublinha este empresário moçambicano, é uma “enorme vantagem” e, 40 anos depois da descolonização, é chegada a hora de “remover aqueles sentimentos colónia/colonizador” que ainda são um obstáculo aos negócios.
Outro grande obstáculo é a circulação. «Não é aceitável que ainda sejam precisos vistos dentro da nossa comunidade. Há aqui alguma inércia política”, aponta Abdula, que enumera as quatro grandes áreas onde a CPLP deve apostar: agricultura, turismo, serviços e ‘oil&gas’.
“O crescimento mundial da classe média traz a necessidade de produzir mais e melhores alimentos. A agricultura é um setor de futuro e os nossos países têm terras disponíveis”, refere, mostrando-se muito otimista no que diz respeito ao setor do petróleo e do gás natural. “Daqui a duas décadas teremos 25% a 27% do mercado global e não queremos ser meros exportadores de matérias-primas; podemos exportar produtos acabados”, conclui.