Doha, 15 set (Lusa) – A Qatar Petroleum (QP) está a considerar entrar no negócio do gás natural em Moçambique para diversificar os investimentos, noticia um site especializado no setor da energia, citando os meios de comunicação do Qatar.
De acordo com o site ‘Pipeline – Oil and Gas Magazine’, a petrolífera árabe já tinha expressado o interesse em comprar uma parte do negócio da italiana Eni em Moçambique, podendo juntar forças com a gigante norte-americana Exxon Mobil num negócios de milhares de milhões de dólares.
A notícia surge poucas semanas depois de o diretor executivo da QP, Saad a-Kaabi, ter confirmado que a empresa está a planear aumentar o envolvimento nos mercados africanos.
Moçambique tem uma das maiores reservas de gás natural do mundo, juntamente com o Qatar e a Austrália, mas os custos de exploração no país africano encarecem os investimentos dos gigantes mundiais neste setor.
Juntamente com a queda do preço das matérias-primas e com a instabilidade política e financeira no país, a dificuldade de operar neste mercado tem feito adiar algumas das decisões finais de investimento das petrolíferas, que podem tornar o país num dos maiores produtores do mundo e elevar a taxa de crescimento da riqueza para valores perto de 30% na próxima década, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI).
A Anadarko e a Eni, duas das maiores empresas mundiais nesta área, ainda não oficializarem a decisão de gastar milhares de milhões em investimentos para a operacionalização da exploração de gás em Moçambique.
Moçambique enfrenta uma crise económica traduzida pela descida do valor das matérias-primas de exportação, forte desvalorização do metical, subida da inflação, desastres naturais e conflito militar no centro do país.
A descoberta em abril de avultadas dívidas garantidas pelo Estado, entre 2013 e 2014, à revelia das contas públicas e dos parceiros internacionais, levou o FMI a interromper um crédito a Moçambique e os doadores do Orçamento do Estado a suspender os seus pagamentos, uma medida acompanhada pelos Estados Unidos, que também cessaram vários financiamentos bilaterais.