Projeção do português deve implicar articulação da diversidade

António Correia e Silva falava na palestra de abertura da segunda conferência da língua portuguesa no sistema mundial, hoje e quarta-feira, em Lisboa.

“Como concatenar os diferentes universos – nós, os falantes em graus e matizes diversos da língua portuguesa, nós, os Estados lusófonos em fases díspares de desenvolvimento, imersos em blocos regionais diferentes, nós, os membros de inúmeras comunidades diaspóricas vivendo nos cinco continentes – como articular esta diversidade para projetar o português, nos próximos tempos, enquanto língua planetária”, disse.

“Como fazer desta diversidade de atores uma riqueza e nunca fraqueza?”, questionou.

O governante de Cabo Verde considerou que “250 milhões de falantes estão longe de ter o peso equivalente na ciência, na inovação, na economia e no empreededorismo” e nas organizações internacionais.

Para António Correia da Silva, a ambição dos oito membros da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP – Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste) é “ganhar à concorrência no mercado de segundas e terceiras línguas”.

“Fazer os falantes de outras línguas reconhecer que vale, que compensa, aprender português”, declarou.

A realização destes objetivos exige cooperação, liderança, governança e negociação permanente, para ser possível concretizar estratégias de operacionalização, “sob pena de ser elevado o custo da oportunidade perdida”, sublinhou.

O peso que a língua portuguesa poderá vir a ter no sistema mundial depende da densidade dos programas cooperativos de que for objeto no interior do espaço lusófono, alertou.

A construção rápida, e ainda mais intensa, de uma nova relação entre Estados, significa também uma nova relação com o tempo, passado e futuro, para que na constituição plena da comunidade lusófona seja possível resolver, ou gerir bem, os diferendos históricos, “resultantes da relação entre os povos que formam a comunidade lusófona”, considerou.

O responsável defendeu ainda que o novo ensino da língua portuguesa exige a aceitação da presença de outras línguas maternas no espaço lusófono, necessitando de uma nova metodologia para formar um novo perfil de cidadão, fomentando a inclusão social.

O objetivo da segunda conferência da língua portuguesa é aprovar um documento formal – o Plano de Ação de Lisboa – que incluirá uma introdução de caráter político e programático, a avaliação do Plano de Ação de Brasília (aprovado na primeira conferência em 2010), e as recomendações para o futuro do português, no âmbito de organizações internacionais, no plano da produção científica, da inovação, dos negócios e do empreendedorismo.

 

EJ // APN – Lusa/Fim

Fotos:

– António Correia e Silva,  Ministro do Ensino Superior, Ciência e Inovação cabo-verdiano.

– Rui Machete, Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros. Aula Magna da Reitoria, em Lisboa, 29 de outubro de 2013. JOAO RELVAS / LUSA

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