“A expansão da língua portuguesa na nação timorense tem que sair do discurso. É altura de se pensar num programa de alfabetização, não só para os jovens, mas para os adultos timorenses”, afirmou Adérito Hugo da Costa, vincando que “as medidas que façam parte de uma política da língua têm de incluir a alfabetização em larga escala, a melhoria do ensino no nível do básico, com a qualificação dos professores em língua portuguesa e o incentivo a publicações didáticas adequadas”.
Adérito Hugo da Costa falava num colóquio em Díli subordinado ao tema “CPLP – Uma língua, várias identidades”, inserido nos eventos da Semana da Língua Portuguesa do Parlamento Nacional e em que participaram vários membros do Governo – ainda que nenhum do Ministério da Educação -, deputados, diplomatas e outros convidados.
Na sua intervenção, Adérito da Costa considerou que, desde a independência, tem havido em Timor-Leste “uma ausência de estratégia no ensino e disseminação da língua portuguesa”, sendo “necessária e urgente” uma “campanha de consciencialização nacional” para lhe dar prioridade “nos jornais locais, televisão, nas repartições públicas e principalmente nas universidades e nas escolas”.
A formação de professores, inicial e continuada, “deve igualmente insistir neste aspeto, permitindo que a língua portuguesa seja, cada vez um fator de oportunidade, de transformação, de identidade, de cidadania e prática social”, reforçou.
“Temos ainda um longo caminho a percorrer para podermos falar da identidade timorense da língua portuguesa. O português em Timor há de de ter a sua identidade. Será, a cada dia que passa, uma língua em construção (…) com a nossa identidade, a nossa forma de sentir”, afirmou.
Adérito Hugo Da Costa sublinhou que “para os jovens educados no tempo indonésio – grupo de que ele próprio faz parte – é essencial investir para fortalecer as suas capacidades em português”, reconhecendo que “a língua portuguesa ganhou, perante os timorenses, distinção de resistência, de elemento de identidade”.
“O português foi a primeira língua pela qual os timorenses aprenderam a ler e a escrever. Os primeiros encontros entre nós e os portugueses marcaram para sempre a nossa identidade histórica, cultural e linguística que nos distinguiu e distingue das milhares de ilhas ao nosso redor”, afirmou.
Adérito Hugo da Costa recordou que, nos últimos anos, muito se tem escrito e debatido em Timor-Leste sobre o tema da língua, tendo chegado a hora de “passar dos discursos às ações concretas”.
“Devemos isso à geração dos que lutaram e morreram pela libertação de Timor-Leste. Devemos isso aos nossos filhos e aos nossos netos. Temos a responsabilidade histórica de não perpetuar a condição de ‘gerações – vítimas'”, concluiu.
ASP // ARA – Lusa/Fim
Fotos:
– Parlamento de Timor-Leste