Lisboa, 13 set (Lusa) – A missão permanente da Guiné Equatorial junto da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) convidou hoje cientistas da comunidade a candidatar-se ao prémio internacional UNESCO-Guiné Equatorial 2016, que distingue investigações científicas.
Em comunicado, a missão convida a comunidade científica e académica da CPLP a concorrer, até dia 09 de dezembro, com trabalhos ao prémio, no valor de 300 mil dólares (cerca de 267 mil euros).
O prémio da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO)-Guiné Equatorial pretende “estimular pesquisas, mobilizar o conhecimento científico e políticas para o desenvolvimento sustentável, fomentar o reforço das competências em ciência e inovação, premiando projetos de pesquisa de ciências biológicas realizadas por indivíduos, instituições ou outras entidades com vista a melhorar a qualidade da vida humana”, refere a nota da missão permanente, chefiada por Tito Mba Ada, também embaixador equato-guineense em Lisboa.
Segundo a missão, os prémios de 2015 serão entregues em Paris, no dia 10 de outubro. A entrega esteve marcada para 14 de novembro do ano passado, mas a cerimónia foi cancelada devido aos atentados terroristas que ocorreram na capital francesa na véspera.
A edição de 2015 distinguiu Manoel Barral-Netto (Brasil), que “dedicou sua carreira ao estudo da leishmaniose e da malária e contribuiu para o desenvolvimento de ferramentas de controlo na área das doenças transmissíveis e relacionadas à pobreza”, lê-se numa nota divulgada pela UNESCO.
O galardão foi atribuído também ao cardiologista do Instituto de Ciências Médicas da Índia Balram Bhargava, e ao médico senegalês Amadou Alpha Sall, especialista em doenças virais, nomeadamente o Ébola, Chikungunya e a dengue.
Inicialmente conhecido como Prémio Científico Teodoro Obiang Nguema, a distinção foi instituída em 2008, mas em 2010 a UNESCO decidiu suspendê-la devido à falta de consenso e à polémica no seio da organização e junto de entidades defensoras dos direitos humanos.
Na altura, uma coligação internacional de dezenas de organizações e instituições de defesa de direitos humanos escreveu à diretora-geral da Unesco, Irina Bokova, salientando que a agência da ONU “arriscava a sua reputação ao ligar-se a uma das ditaduras mais sinistras de África”.
Na carta, a coligação de organizações assinalava o facto de outras agências das Nações Unidas terem sido “muito claras sobre o estado desastroso dos direitos humanos e do desenvolvimento na Guiné Equatorial”.
Entre muitos outros problemas, estas organizações apontaram a prática generalizada de tortura pela polícia, uma repressão omnipresente, a ausência de liberdade dos ‘media’, a amplitude das discriminações e o desprezo pelos direitos económicos e sociais dos guineenses.
A diretora-geral da UNESCO era também exortada na carta a “indagar sobre a origem dos milhões de dólares de dotação do Prémio Obiang”.
Posteriormente, Teodoro Obiang Nguema aceitou que o prémio não tivesse o seu nome, mas o do seu país, e o galardão voltou a ser entregue a partir de 2012.
JH (MMT) // VM – Lusa/Fim
PRÉMIO INTERNACIONAL UNESCO | Guiné Equatorial para a Investigação em Ciências da Vida
Candidaturas até 9 de dezembro de 2016
Serão selecionados três candidatos (no máximo) pela Diretora-Geral da UNESCO com base na análise e recomendações feitas pelo júri internacional que compõe este Prémio. Os vencedores receberão um prémio monetário no valor de US $300, 000, bem como um diploma e uma medalha.
De notar que as candidaturas deverão ser submetidas ( formulário) a esta Comissão Nacional da UNESCO, de acordo com as orientações e critérios estabelecidos no regulamento do referido Prémio (online para cnu@mne.pt ; elizabeth.silva@mne.pt ) até ao dia 9 de dezembro.