Preços do petróleo em queda ameaçam liberdades em Angola

Madrid, 27 jan (Lusa) – Angola é um dos países que mais preocupação causa à organização dos Direitos Humanos Freedom House, que no seu relatório sobre liberdades globais deste ano conclui que Luanda “aumentou as medidas repressivas”, incluindo “perseguição a jornalistas” e ativistas políticos”.

A Freedom House coloca Angola nos “Países sob observação em 2016”, sobretudo devido às consequências da quebra dos preços do petróleo.

Nas considerações gerais, a ONG já tinha notado que esta tendência de “redução do preço de produtos como o petróleo e outras ‘commodities'[matérias-primas]” cortou “bruscamente as receitas de exportações de muitas ditaduras em todo o mundo, o que ameaça os alicerces económicos em que assentam a sua legitimidade”.

Ou seja, para a Freedom House “o preço do petróleo – que também baixou devido à recusa da Arábia Saudita de diminuir a sua produção e ao aumento da produção a longo prazo dos Estados Unidos – ameaçou a saúde económica de petro-Estados como Angola ou o Azerbeijão”.

“Apertado pelos baixos preços do petróleo, é expectável que o governo autocrático de Angola intensifique a supressão de adversários e aumente a vigilância sobre cidadãos privados”, escreve a Freedom House.

No que toca a este ano, a organização justifica a “tendência negative” porque à medida que a economia desacelerava o “Governo aumentou as suas medidas repressivas, incluindo perseguição a jornalistas, jovens ativistas políticos e certos grupos religiosos”.

No ano passado, 17 ativistas angolanos – entre eles Henrique Luaty Beirão (que esteve depois 36 dias em greve de fome em protesto pela prisão) – foram acusados de prepararem uma rebelião contra o governo angolano. Enfrentam agora julgamento, cujos trabalhos serão retomados a 25 de janeiro.

Angola registou uma pontuação de 24 em 100 possíveis (sendo classificada como “Não Livre”) pela Freedom House. O “ranking” angolano contrasta com os 97 pontos em Portugal, os 90 em Cabo Verde, os 81 no Brasil e mesmo os 65 em Timor-Leste.

Entre os membros da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), Angola só tem melhor pontuação do que a Guiné Equatorial (que registou 8 pontos) e que está na lista dos “Piores dos piores”.

NVI // PJA – Lusa/Fim

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