Lisboa, 28 nov (Lusa) – Gonçalo de Barros Carvalho e Mello Mourão, embaixador do Brasil junto à CPLP, disse hoje, em Lisboa, que para o português ser uma das línguas oficiais dos fóruns internacionais serão necessários dinheiro e vontade política dos países do bloco lusófono.
“É preciso vontade política e dinheiro dos países lusófonos para concretizar essa questão” de afirmar formalmente a língua portuguesa nos fóruns internacionais, como as Nações Unidas (ONU), afirmou à Lusa o diplomata, que está no atual cargo há cerca de quatro meses.
“É problema político também, porque uma decisão política, com frequência, faz nascer dinheiro”, disse.
Para o embaixador brasileiro, “o dinheiro é importante porque é necessário para realizar o pagamento de tradutores e de outros elementos necessários para ser uma língua da ONU”, por exemplo.
O Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, também anunciou na XI Cimeira da CPLP, a 01 de novembro, em Brasília, que foi aprovada uma proposta para que o português seja uma língua oficial nas Nações Unidas.
Marcelo Rebelo de Sousa disse que a proposta não constou da declaração final desta cimeira, mas foi aprovada por aclamação, e adiantou que foi feita pelo Presidente do Brasil, Michel Temer.
“O facto do novo secretário das Nações Unidas (António Guterres) ser um lusófono é, sem dúvida, uma oportunidade extraordinária para a CPLP e para a língua portuguesa”.
António Guterres afirmou, durante a cimeira da CPLP em Brasília, que gostaria de ver o português tornar-se uma das línguas oficiais desta organização, mas referiu que essas decisões competem à Assembleia-Geral da ONU.
“Naturalmente que eu próprio gostaria muito de ver isso concretizar-se, mas essas são decisões da Assembleia-Geral das Nações Unidas. E uma vez mais digo: ainda não sou secretário-geral das Nações Unidas”, acrescentou.
Atualmente, a ONU tem seis línguas oficiais: o castelhano, o inglês, o mandarim, o russo, o francês e o árabe.
“A língua como elemento de congeminação, não só dos interesses, mas também da atuação dos países, saíra fortalecida”, disse Mello Mourão.
Sobre a expansão do português, o embaixador disse que a divulgação da língua não se faz apenas por vontade dos Governos, mas se faz também pela sua expansão cultural.
“O fortalecimento cultural das expressões em língua portuguesa são também um elemento fundamental para a disseminação da língua, assim como os esforços dos Governo, nomeadamente na atuação do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, dos Centros de Estudos Brasileiros e leitorados espalhados pelo mundo.
“Para expandir a língua não basta haver uma motivação económica, porque esta oscila a bel-prazer do mercado, tem de haver uma motivação cultural, porque esta permanece”, avaliou.
Sobre o Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP), Mello Mourão disse que “é um instituto internacional de língua relativamente novo se comparado a outros organismos, como a Alliance Française (França), o Instituto Goëte (Alemanha) ou o British Council (Reino Unido)”.
Entretanto, segundo o diplomata, o IILP “está solidamente estabelecido como o instituto encarregado da promoção da língua”.
O instituto, segundo Mello Mourão, começou a tratar de “um tema importante, que é a realização de um vocabulário ortográfico comum (VOC), que dá uma estrutura única à língua” portuguesa.
“A cultura é uma forma de estimular as relações comerciais, porque a cultura atrai e a medida de que as pessoas são atraídas pela cultura, elas ficam a conhecer todos os aspetos, a realidade daquele país em que estão interessadas”, acrescentou o embaixador brasileiro.
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