Segundo disse o secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, um dos objectivos do encontro era fazer um ponto de situação do processo de introdução do português em comunidades como a SADC, CEDEAO e União Africana, tendo em vista, a longo prazo, a sua elevação a língua oficial nas Nações Unidas.
“Julgo estarmos no bom caminho quanto à implantação do português nessas organizações. Estamos a apoiar na SADC, na CEDEAO, na própria UA, e temos de ver até que ponto esses apoios correspondem plenamente ao necessário e reforçar-se, se for caso disso”, referiu, à margem da Cimeira dos Objectivos do Milénio nas Nações Unidas.
O português já é língua oficial nestas organizações, mas é pouco utilizada, por falta de escritórios de tradução e interpretação nas conferências, afirmou.
“Verificamos que, em reuniões da CEDEAO ou da UA, embora o português seja língua oficial, não está ninguém na cabine a traduzir. Vamos trabalhar para que seja sempre uma língua utilizável”, disse.
Mesmo numa altura de dificuldades financeiras, afirma, “há bastante que se pode fazer com recursos limitados, como a concertação diplomática para insistir em diversas fóruns internacionais na utilização da língua portuguesa”.
“Isto faz parte da nossa estratégia passo a passo e permitirá que daqui a algum tempo a língua portuguesa não crie um precedente [nas Nações Unidas] para outros. Porque é um caso excecional, não há nenhuma outra língua que tenha estas características de partilha internacional e que não seja uma língua de trabalho”, adiantou.
Em Nova Iorque para a Cimeira do Milénio estão os chefes da diplomacia de Portugal, Moçambique, Guiné-Bissau e Timor-Leste, para além do Brasil.
O encontro, que esteve inicialmente previsto para segunda-feira, foi convocado por Angola, que está a ser representada pelo secretário de Estado das Relações Exteriores, George Chicoty.
João Gomes Cravinho espera ainda que os encontros dos próximos dias em Nova Iorque permitam desanuviar alguma da desconfiança de que é alvo a Guiné-Bissau da parte dos parceiros internacionais.
“É uma fonte de enorme desconfiança que existe na comunidade internacional. É certo que há problemas, mas não abandonem a Guiné-Bissau. Não é por haver problemas que devemos virar as costas”, disse.
“Há momentos muito difíceis em termos de mobilização de apoios internacionais”, reconhece Cravinho.
“A principal responsabilidade cabe aos actores políticos e Forças Armadas. Eles é que têm de tomar algumas medidas que, podem não ser fáceis, mas são fundamentais para o país”, adianta.
Um sinal concreto de que os parceiros continuam à espera é a libertação do Zamora Induta, detido desde o golpe de 1 de Abril.
Quanto à força de estabilização para o país, ainda se está na fase de definição do mandato.
Para procurar desbloquear a situação, o grupo de contacto para a Guiné-Bissau reúne-se sexta-feira em Nova Iorque, à margem da cimeira, com a presença do representante do secretário geral da ONU.
Fonte: Notícias Lusófonas