Díli, 28 fev (Lusa) – Portugal vai manter a sua cooperação com Timor-Leste, com especial destaque para a língua e a formação, esperando pelo próximo Governo para definir o novo Programa Estratégico de Cooperação, disse à Lusa o vice-presidente do Camões.
“Respeitamos o período eleitoral e vamos aguardar. O Programa Estratégico de Cooperação (PEC) terminou em dezembro e deveríamos ter negociado um novo para este ano que por causa da situação política teve que esperar”, explicou à Lusa em Díli Gonçalo Teles Gomes, na conclusão de uma visita de trabalho a Díli.
“Sem dúvida que a cooperação se vai manter e certamente vamos encontrar formas até de aprofundar alguns aspetos. Mas tudo vai depender do futuro Governo timorense e dos seus planos”, explicou.
Timor-Leste vive há vários meses uma situação de impasse político que levou o Presidente da República a dissolver o Parlamento e a convocar eleições antecipadas, que se realizam a 12 de maio.
Gonçalo Teles Gomes explicou que até que o novo Governo possa negociar o PEC os programas em curso, incluindo o programa de formação de professores Formar + (que termina este ano) e o em curso na Universidade Nacional de Timor Lorosa’e se vão manter.
“O meu desejo é que a partir do momento em que haja governo timorense definamos novo PEC e novos projetos para poder implementar a partir de janeiro de 2019”, explicou.
A visita de trabalho a Timor-Leste serviu como ponto de situação para os vários projetos e para alguns contactos com responsáveis timorenses, de quem a mensagem “foi clara”, com pedidos da manutenção e reforço da cooperação.
“A grande prioridade continua a ser em relação à língua e o pedido é para que a cooperação portuguesa continue a apoiar Timor nesse âmbito da implementação da língua portuguesa”, explicou.
Sem querer antecipar os conteúdos do próximo PEC, o responsável do Camões recordou que continuará a obedecer á “nova lógica de apostar na concentração setorial”, procurando ter “menos programas mas com mais recursos e maior volume”.
Projetos que terão indicadores de acompanhamento, que estarão vinculados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e que terão que ter estratégias de saída.
“O desejável na cooperação é que seja sustentável. Por isso temos que formar formadores, não queremos perpetuar a presença de professores portugueses aqui porque isso seria uma falhanço dos programas”, disse.
“A questão não é se são mais ou menos, mas a qualidade do que é feito e do numero de formadores timorenses que são formados porque esses vão replicar a experiência”, sublinhou.
Parte dos projetos inserem-se nas novas linhas de cooperação delegada da União Europeia, modelo que tem vindo a aumentar significativamente – Portugal passou de projetos no valor de 36 milhões de euros até 2016 para mais de 200 milhões desde aí.
“É um grande desafio para a cooperação portuguesa mas é fundamental e importante. Permitiram-nos entrar em novas geografias mas sobretudo estão a dar maior volume à nossa cooperação nas geografias onde estamos presentes há muitos anos e temos uma reputação”, referiu.
Ao mesmo tempo, sublinhou, esses projetos permitem envolver outras entidades, de instituições publicas portuguesa, a universidades, ONG e até empresas.
“É um desafio grande por se estar a gerir este volumes financeiro, mas também uma oportunidade de trabalhar junto desses parceiros usando dinheiro que ao fim ao cambo também é nosso. São fundos europeus para os quais também contribuímos”, disse.