Pequim, 13 out (Lusa) – Portugal é um membro “importante” da União Europeia, com “ampla” influência nos países lusófonos, afirmou o embaixador chinês em Lisboa, numa entrevista à agência oficial Xinhua divulgada hoje em que destaca as vantagens do país como “plataforma”.
“As empresas chinesas em Portugal atribuem grande importância e aproveitam ativamente o papel do país como ponte e plataforma”, frisou Cai Run, numa extensa entrevista.
Estas firmas “têm cooperado em outros mercados com empresas portuguesas”, explorando oportunidades nos países lusófonos, Europa e América Latina, acrescentou.
A Xinhua cita o exemplo da cooperação entre a EDP e a China Three Gorges (CTG), como “exemplo de sucesso” desta parceria.
Em 2012, na sequência de um concurso internacional, a CTG pagou ao Estado português 2.700 milhões de euros por uma participação de 21, 35% no capital da EDP, num dos maiores investimentos chineses na Europa.
A CTG tornou-se, entretanto, a segunda maior geradora de energia com capital privado no Brasil e tem projetos conjuntos com a EDP em vários países da Europa.
“Através da sua empresa em Portugal, a CTG desenvolve os mercados de energia hidroelétrica, eólica e novas fontes de energia na América Latina, Europa e EUA”, descreve a agência.
“A CTG acelerou o seu processo de internacionalização e a sua expansão global através de cooperação tripartida”, acrescenta.
O embaixador chinês destacou ainda o “grande potencial de desenvolvimento” no comércio bilateral.
Segundo dados das alfândegas chinesas, em 2015, o comércio bilateral ascendeu a 4, 37 mil milhões de dólares (4, 02 mil milhões de euros), menos 8, 99% do que no ano anterior.
A balança comercial é favorável a Pequim, que vendeu a Lisboa bens na ordem de 2, 89 mil milhões de dólares (2, 65 mil milhões de euros), menos 7, 61%, e comprou produtos avaliados em 1, 47 mil milhões de dólares (1, 35 mil milhões de euros), menos 11, 59%.
A China é o maior parceiro comercial de Portugal na Ásia, enquanto o mercado português é o 18.º maior destino das exportações chinesas para a UE.
Portugal tornou-se nos últimos anos um dos principais destinos do investimento chinês na Europa, logo a seguir ao Reino Unido, Alemanha e França, num montante que já ultrapassou os 10.000 milhões de euros, segundo fontes portuguesas.
As empresas chinesas investiram sobretudo nos setores da energia, eletricidade, aviação civil, finanças, seguros e saúde e empregam hoje mais de 21.000 pessoas em Portugal, aponta a Xinhua.