Portugal e Timor-Leste reforçam e alargam projeto das escolas CAFE

Díli, 14 mar 2023 (Lusa) – Portugal e Timor-Leste assinaram hoje um protocolo que reforça e amplia, numa primeira fase ao município de Ataúro, o projeto das 13 escolas onde lecionam professores portugueses e timorenses, conhecidas como CAFE.

O protocolo foi assinado em Díli pelo secretário de Estado da Educação português, António Leite e pelo ministro da Educação, Juventude e Desporto timorense, Armindo Maia e abrange o projeto bilateral dos CAFE (Centros de Aprendizagem e Formação Escolar) – financiado conjuntamente por Portugal e Timor-Leste.

Intervindo na cerimónia de assinatura, António Leite saudou o trabalho feito até aqui e a vontade dos dois governos continuarem a desenvolver o projeto, alargando-o tanto no número de escolas como de docentes dos dois países envolvidos.

“O projeto dos CAFE é um belo exemplo do que dois países, respeitando-se mutuamente, podem fazer em conjunto. Não temos com nenhum outro país um projeto semelhante a este”, disse Leite.

“É unânime entre os vários setores políticos em Portugal de que é um projeto para continuar a aprofundar. Deixo um reconhecimento pelo trabalho que é feito. Sobretudo deixo o nosso compromisso firme e sério de que assim continuaremos a trabalhar. O povo português e o seu Governo está cá para fazer essa caminhada”, sublinhou o secretário de Estado português.

Na mesma ocasião, Armindo Maia, disse que os CAFE são um projeto “bem enraizado e com frutos bastante nítidos e significativos” que une os Ministérios da Educação dos dois países há 13 anos e que agora importa “reforçar, consolidar e expandir”.

Frisando o “empenho, trabalho colaborativo, respeito e especial carinho” das autoridades portuguesas para com o projeto, Maia considerou-o importante para ajudar a desenvolver a educação de qualidade e a formação de professores em língua portuguesa.

“O sucesso do projeto dos CAFE no setor da educação é comprovado pelo reconhecimento da qualidade de ensino e formação de professores a nível nacional, a grande procura pela comunidade educativa, bem como pelos excelentes resultados dos nossos alunos em diversos momentos de avaliação”, afirmou o ministro.

Criados no âmbito de um protocolo de 2014, e inicialmente conhecidas como escolas de referência, os CAFE são considerados um dos mais importantes do país no que toca à promoção do ensino em língua portuguesa, com escolas em 12 dos 13 municípios do país e na Região Administrativa Especial de Oecusse-Ambeno.

O novo protocolo, disse Armindo Maia, pretende ajustar o desenvolvimento do projeto “às necessidades e exigências atuais e futuras”, apostando na sua expansão, primeiro ao novo município de Ataúro, depois a um segundo polo em Díli e, no futuro, aos postos administrativos.

“É uma missão grandiosa e ambiciosa, mas que queremos implementar com a ajuda da cooperação portuguesa, através dos dois ministérios e com a confiança de que este é um dos caminhos para melhorar a educação desta nova nação”, disse Maia.

“Desejamos igualmente a continuidade da ‘timorização’ do projeto, através do aumento dos professores timorenses nas escolas CAFE, de modo a poder libertar os docentes portugueses para a formação. Os docentes timorenses são a sustentabilidade deste projeto, hoje e amanhã”, disse o ministro.

Neste quadro, vincou Maia, a principal missão dos professores portugueses que integram o projeto é “trabalhar em parceria com os docentes timorenses através da partilha de metodologias, pedagogias, experiências e vivências e desta forma torná-los autónomos, criativos e responsáveis pela educação e formação de recursos humanos de qualidade em Timor-Leste”.

Aos jornalistas, depois da cerimónia, o ministro explicou que a expansão dos CAFE é “um sonho que há que concretizar num plano concreto” e de forma faseada, e que começa com os preparativos, ainda este ano, para a construção de uma escola no novo município de Ataúro, criado no ano passado.

“Gradualmente estamos a pensar entre Metinaro e Tibar para a construção de um novo polo do CAFE de Díli e depois para os outros postos administrativos. Queremos também reforçar a presença dos professores portugueses a par do aumento dos nossos professores timorenses em parceria e com vista à sustentabilidade do projeto”, sublinhou Maia.

“A Lei das Grandes Opções do Plano contempla também a colaboração com outros países da CPLP [Comunidade dos Países de Língua Portuguesa]. Para já temos Portugal, mas abrimos a porta à colaboração com outros, como o Brasil, para que possamos ganhar esta batalha e que queremos ver consolidar e expandir”, notou o ministro.

António Leite disse à Lusa que Portugal tem vontade política de continuar a colaborar com Timor-Leste nessa expansão, sublinhando a importância de que o projeto seja assumido, cada vez mais, por docentes timorenses.

“Este é um projeto destinado aos timorenses e deve ser cada vez mais alicerçado nos professores timorenses. Se ficasse unicamente reduzido à presença de professores portugueses algo estaria a falhar”, disse o secretário de Estado.

“O projeto está a funcionar e a crescer e só terá condições para crescer e multiplicar-se e atingir o objetivo que é fazer aumentar o numero de timorenses que dominam a língua portuguesa, se progressivamente for cada vez mais dos próprios timorenses”, disse Leite.

ASP // VQ – Lusa/Fim

É para trabalhar no setor educativo que, como ocorreu a partir de 2001, mais portugueses têm estado em Oecusse, mantendo-se hoje essa presença, ainda que em menor dimensão que no passado, Pante Macassar, Timor-Leste, 12 de maio de 2022. Progressivamente os projetos foram acabando e hoje a comunidade portuguesa é de cerca de duas dezenas de pessoas, entre eles funcionários da Região Administrativa Especial de Oe-Cusse Amben (RAEOA) e professores das duas escolas onde funciona o Centro de Aprendizagem e Formação Escolar (CAFE) de Oecusse. ANTÓNIO COTRIM/LUSA
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