O anúncio da assinatura do acordo foi feito pelo embaixador Pascal Teixeira da Silva hoje em Lisboa, durante a abertura de um colóquio sobre os desafios comuns da lusofonia e francofonia, que decorre até sexta-feira e se realiza no âmbito do 60.º aniversário do Liceu Francês.
Em declarações aos jornalistas à margem do evento, Pascal Teixeira da Silva adiantou que o acordo, que está pronto e aguarda assinatura, representa uma atualização do acordo de 2006.
“Tínhamos um acordo de 2006 e era preciso atualizá-lo. Foi negociado e existe um texto que prevê a facilitação do ensino de português em França e do Francês em Portugal. Sabemos que os nossos países têm constrangimentos orçamentais, mas é preciso ser imaginativo e ter vontade política para fomentar a aprendizagem da língua do outro”, disse.
O novo acordo introduz mudanças em matérias como a avaliação, certificação ou contratação de professores, numa altura em que, segundo o embaixador, o ensino do Português em França está a crescer – impulsionado pela importância económica do Brasil – e o interesse pelo Francês em Portugal a diminuir.
“No caso do português em França [o acordo prevê] passar de um modelo em que o português é ensinado apenas aos filhos dos emigrantes – o que faz cada vez menos sentido – para ser visto como uma das línguas da globalização”, disse.
“É preciso adaptar o ensino das línguas à realidade e tratar o Português em Franca cada vez mais como uma língua estrangeira, uma das grandes línguas da globalização e não apenas como uma língua de emigrantes”, prosseguiu o embaixador, um lusodescendente.
Pascal Teixeira da Silva mostrou-se convicto que o acordo será assinado até ao final do ano num encontro político de alto nível entre os dois países.
Também presente na mesma sessão, o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Cesário, optou, quando questionado pelos jornalistas, por não se alongar sobre o conteúdo do acordo.
“É um acordo que está em negociação”, disse José Cesário.
José Cesário disse que nos últimos tempos “houve um retrocesso muito evidente” no ensino do Português em França e considerou que as falhas registadas “não se colmatam com acordos, mas com políticas concretas”.
“Os objetivos consagrados do atual acordo com França, nomeadamente na integração do Português nas escolas locais, não foram atingidos. Não houve qualquer crescimento, pelo contrário houve uma redução muito evidente”, disse José Cesário.
“O que importa, mais do que assinar acordos, é saber onde é que temos os cursos para aqueles que realmente querem aprender”, sublinhou.
Durante a manhã, participantes portugueses e franceses debateram os desafios comuns que se colocam aos espaços da lusofonia e da francofonia e as formas de cooperação possíveis para uma maior promoção mútua dos dois idiomas, não apenas em Portugal e na França, mas sobretudo nas regiões de influência dos dois países.
CFF // VM
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Foto: Mensagens no asfalto alusivas à Volta e ao Tour de Franca, 69ª Volta a Portugal em Bicicleta, 10 de Agosto de 2007, Mondim de Basto. PAULO CUNHA/LUSA