Lisboa, 15 mar (Lusa) – O ministro dos Negócios Estrangeiros português disse hoje que o encontro de chefes da diplomacia da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), esta quinta-feira, “vai correr muito bem”, quando há desacordo sobre a escolha do próximo secretário-executivo.
“O encontro ministerial de quinta-feira vai correr muito bem. Não ficará certamente nenhum problema por analisar”, disse à Lusa o ministro Augusto Santos Silva, à margem da cerimónia de posse do vice-presidente do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, Gonçalo Teles Gomes.
Questionado sobre se Portugal vai indicar um nome para ocupar o secretariado-executivo da CPLP, o governante disse não ter nada a dizer, afirmando apenas que este tema estará na agenda da reunião dos ministros dos nove países da organização, que decorre esta quinta-feira em Lisboa.
“A interpretação do que dispõem os estatutos da CPLP sobre a indicação do secretário-executivo será certamente objeto de conversa, de análise dos ministros dos Negócios Estrangeiros e de Relações Exteriores, que se reunirão na quinta-feira na sede da CPLP”, afirmou.
Questionado sobre as posições de países como Angola, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe, que rejeitam a candidatura de Portugal ao cargo de secretário-executivo, Santos Silva escusou-se a responder e insistiu que “países amigos saberão facilmente chegar a um consenso”.
Apesar de não figurar na agenda da reunião de quinta-feira, a escolha do próximo secretário executivo da organização deverá dominar parte dos trabalhos da XIV reunião extraordinária do Conselho de Ministros da CPLP.
Na cimeira do Brasil, deverá ser escolhido o sucessor do moçambicano Murade Murargy, que terminará o segundo mandato de dois anos, e Portugal já manifestou intenção de propor um nome, invocando os estatutos da organização, segundo os quais “o secretário executivo é uma alta personalidade de um dos Estados membros da CPLP, eleito para um mandato de dois anos, mediante candidatura apresentada rotativamente pelos Estados membros por ordem alfabética crescente”.
O Governo português considera que “compete agora a Portugal assumir a responsabilidade de apresentar a candidatura a secretário executivo” e o país “não enjeita, naturalmente, essa responsabilidade, estando disponível para exercê-la”, disse à Lusa fonte oficial do Ministério dos Negócios Estrangeiros.
Por outro lado, São Tomé e Príncipe anunciou que vai apresentar um candidato ao cargo, mas afirmou que esta candidatura não será contra Portugal.
Angola, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe transmitiram que os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) e também a Guiné Equatorial consideram que Portugal não deve assumir o cargo de secretário executivo por acolher a sede da CPLP e, como tal, ter o maior número de funcionários, e invocam a existência de um “acordo verbal” nesse sentido, que Portugal diz desconhecer.
Nesta segunda-feira, o Presidente da República português, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou que a CPLP vai escolher no verão o seu próximo presidente e secretário executivo, “de acordo com o critério de rotação adotado”, durante uma visita à sede da organização, em Lisboa.
Na reunião de quinta-feira, os chefes da diplomacia dos nove países vão discutir a proposta de nova visão estratégica da organização e a situação política na Guiné-Bissau.
Comments are closed.