Lisboa, 19 mai (Lusa) — A atual presidente do conselho executivo da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento, falou durante o fórum “A Economia das Línguas Portuguesa e Espanhola, no Instituto Camões, em Lisboa.
“Os países de língua oficial portuguesa em que o sistema de ensino é organizado em português, mas tem línguas maternas, a primeira língua dos falantes não é o português, é a língua oficial, mas não é a língua materna. Estes países enfrentam muitas dificuldades na organização do seu sistema de ensino”, referiu Maria de Lurdes Rodrigues.
A ex-ministra defende “que Portugal tinha o dever de dar uma atenção especial a estes países, apoiar estes países, porque são a base do alargamento das comunidades de falantes de português”.
Maria de Lurdes sublinhou ainda que não dar esta atenção aos países lusófonos, poderia indicar a perda do terceiro lugar de língua europeia mais falada no mundo (espanhol e inglês lideram o ranking, estando o russo e o alemão em quarto e quinto lugares, segundo o Observatório da Língua Portuguesa).
As prioridades, segundo a ex-ministra, para a intervenção e a distribuição de recursos nesta área da Língua Portuguesa – além de apoiar o ensino do português nos países lusófonos, sobretudo na formação de professores — deveria ser a negociação com os outros países para que o português seja introduzido como segunda ou terceira língua nas escolas.
“Isto para qualquer aluno e não somente os luso-descendentes”, referiu.
Outro fator que considera importante é insistir que o português seja introduzido nos diversos órgãos internacionais, “como fez o ex-presidente do Brasil, Lula da Silva neste sentido.”
Sobre o valor económico da língua, Maria de Lurdes Rodrigues acha que a língua “terá um valor maior quanto mais for partilhada, quando maior for o número de falantes, quanto maior for o PIB, a riqueza produzida por estes países, porque permite trocas profissionais, permite mobilidade de pessoas, permite a circulação de pessoas e mercadorias e de capitais também de uma forma mais fluida.”
Um estudo (realizado por vários investigadores e ainda para ser lançado) feito a pedido do Instituto Camões sobre o valor económico da língua indica que o português representa 17 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) de Portugal e, em relação aos países lusófonos, estes representam quatro por cento do PIB mundial, sobretudo devido ao crescimento económico do Brasil.
Em Espanha, segundo o professor da Universidade Complutense, José Luís Garcia Delgado, presente no fórum de hoje, a língua espanhola representa 16 por cento do PIB do país.
Segundo Delgado, se o português e o espanhol fossem introduzidos em conjunto em vários países, “trariam benefícios para os falantes destas duas línguas”.
Brasil e Estados Unidos são dois países que estão na mira dos espanhóis para realizar os seus negócios, o primeiro por ter adotado o espanhol na rede oficial de ensino (devido ao Mercosul) e o segundo por ter uma enorme comunidade que fala espanhol, sobretudo de latino-americanos.
CSR.
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FONTE: Sapo Notícias