Portugal-China/500 anos: O novo ‘boom’ da língua portuguesa

You Dahui, aluna de português da Universidade de Economia e Negócios Internacionais de Pequim (UIBE), vai partir em setembro para Coimbra, onde frequentará o terceiro e penúltimo ano da sua licenciatura. Será também a sua primeira viagem ao estrangeiro.

“Sim, estou muito entusiasmada (…) Portugal não será tão rico ou famoso como a França ou a Alemanha, mas é mais tranquilo. E o clima é bom, as pessoas são amigáveis”, disse a estudante à agência Lusa.

Quando You Dahui acabou o ensino secundário, em 2011, queria seguir Economia, mas não tinha as notas necessárias para ingressar naquele curso. Línguas Estrangeiras era a sua segunda opção e no Departamento de Português, criado dois anos antes, havia vagas.

“Não fui eu que escolhi, foi o português que me escolheu”, conta You Dahai (ou Amelia, o nome que adotou nas aulas de português). “Não sabia nada, mas gostei da língua”, acrescenta.

Dois anos depois, e quando se assinalam 500 anos da chegada do primeiro português à China, em 1513, Amélia diz que também gosta de Portugal e da sua cultura, e pela primeira vez, graças à língua portuguesa, prepara-se para viajar fora da China. Por acordo com a Universidade de Coimbra, o terceiro e penúltimo ano da licenciatura de português da UIBE é feito em Portugal.

Há pouco mais de uma década, não contando com Macau e Hong Kong, só duas universidades da República Popular da China tinham licenciaturas em português: a Universidade de Estudos Estrangeiros de Pequim (Beiwai) e a universidade homónima de Xangai. Hoje há 18, a maioria das quais criadas nos últimos cinco anos.

Duas outras universidades – a Beijing City University, na capital chinesa, e a Sun Yat-sen, em Zhuhai, junto a Macau – também ensinam português, como língua de opção.

No total, cerca de mil jovens chineses frequentam licenciaturas em português e um número idêntico procura aprender a língua em cursos intensivos, ministrados por escolas privadas.

O fenómeno está associado ao rápido desenvolvimento das relações económicas e comerciais entre a China e a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), nomeadamente Angola e Brasil.

Amélia diz que gostava de “ter uma experiência profissional no estrangeiro”, mas não se imagina a trabalhar sempre como tradutora: “Espero que ao fim de algum tempo possa trabalhar em gestão ou marketing”.

Leonor (Liu Wei), outra aluna do 2.º ano do curso de português, mas da Beiwai, também irá no próximo ano para a Universidade de Coimbra.

“Em termos de emprego, o português é mais promissor do que o espanhol. Depois de terminar o curso, gostaria de trabalhar numa empresa com negócios com os países de língua portuguesa”, diz Leonor.

As razões do seu colega Fernando (Tie Rigen) são idênticas: “Antes de entrar para este curso, ouvi dizer que as relações com a CPLP estavam cada vez melhores. Saber português dá boas oportunidades”.

Quanto à dificuldade do português, Fernando respondeu de forma ainda mais pragmática: “Pelo que li na Internet, o chinês é considerada a língua mais difícil do mundo e eu consegui aprender chinês”.

Fluente em inglês, You Dahui diz que o português é mais difícil do que aquela língua, mas acredita que o futuro está do seu lado: “Depois de um ano em Portugal, muito provavelmente os meus conhecimentos estarão bastante mais avançados”.

AC // JMR – Lusa/Fim

Fotos:

– Alunos chineses durante uma aula de português (03/11/2010)

– Aula de interpretação na Unversidade Cidade de Pequim. 27 February 2012. EPA/DIEGO AZUBEL

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