Portugal/Angola: Visita de PR é oportunidade para reforçar cooperação

Luanda, 21 nov (Lusa) – As três principais forças políticas angolanas consideram a deslocação do Presidente angolano, João Lourenço, a Portugal uma oportunidade para reforçar as relações de cooperação entre os dois países, com vantagens mútuas.

O Presidente angolano realiza de 22 a 24 deste mês a sua primeira visita oficial a Portugal na qualidade de chefe de Estado de Angola, empossado em setembro de 2017, que acontece após a deslocação a Luanda, em setembro último, do primeiro-ministro português, António Costa.

Sobre a deslocação, a vice-presidente do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), partido no poder, disse que é um momento para os dois países passarem em revista as suas relações de cooperação.

Em declarações à agência Lusa, Luísa Damião referiu que Angola é um país aberto a todos os Estados do mundo, com relações bilaterais e multilaterais, “que se pauta por uma cooperação fraterna e vantajosa entre os Estados”.

“A visita do Presidente João Lourenço enquadra-se no âmbito das relações diplomáticas que existem entre Angola e Portugal. Existem vários acordos de cooperação, em vários domínios, e creio que é uma oportunidade para se passar em revista as relações de cooperação entre os dois países”, frisou.

Para Luísa Damião, depois da visita de António Costa, chegou a vez do Presidente angolano, sendo este “um momento oportuno para reforçar as relações entre os dois países”, sublinhando que as relações entre Angola e Portugal “são históricas”.

“Penso que, entre os Estados, existem momentos altos e momentos baixos nas relações, mas o importante mesmo é aproveitarmos o bom momento, para reforçarmos as relações e cooperar naquelas áreas que possam beneficiar os dois povos”, salientou.

Por sua vez, o vice-presidente União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), Raul Danda, referiu que o chefe de Estado angolano está a “procurar marcar os seus laços” com a sua presença em Portugal.

“E, como é óbvio, as relações têm de passar por Portugal, porque é uma potência colonial, porque fala a mesma língua que nós e porque é uma espécie de placa giratória para a diplomacia europeia”, disse o vice-presidente do principal partido da oposição angolana.

Raul Danda lembrou que as relações entre os dois Estados conheceram um período “um bocado difícil”, referindo-se ao caso que envolveu o ex-vice-Presidente de Angola, Manuel Vicente, e a justiça portuguesa, por alegado crime de corrupção.

“Isso foi fruto das discussões que estamos a ter, por causa das críticas que foram feitas, algumas vezes por algumas entidades portuguesas relativamente à corrupção, aos desvios de dinheiros. Felizmente, hoje chega-se à conclusão que os dinheiros que as pessoas têm não vêm nada da renda de casa da avó ou da tia, etc, mas vêm mesmo da corrupção, do roubo”, frisou.

“E é preciso, de facto, passado este tempo, este momento, que os portugueses chamavam de ‘irritante’, que agora se possa passar para uma relação mais saudável, porque necessária”, acrescentou.

Já o vice-presidente da Convergência Ampla de Salvação de Angola – Coligação Eleitoral (CASA-CE), a segunda maior força política da oposição angolana, começou por realçar os laços históricos e de amizade entre os dois países e povos.

“As nossas relações, para o bem, para o mal, são históricas, familiares, culturais e que acho que, na Europa, o nosso porto seguro é Portugal. Pessoalmente, ando pela Europa fora, mas só começo a sentir-me em casa quando chego a Portugal”, disse André Mendes de Carvalho “Miau”.

De acordo com o vice-presidente da CASA-CE, as relações entre Angola e Portugal “devem ser ampliadas, cultivadas”.

“De vez em quando, é o mesmo que sucede às vezes nas famílias. Os irmãos têm algumas contradições e nós também temos de vez em quando alguns aspetos menos altos na nossa relação. Mas acho que são relações para durar, para aprofundar e são bem-vindas”, destacou.

Relativamente à cooperação, André Mendes de Carvalho “Miau” defendeu que sejam bem identificados os campos a cooperar, para que se criem valências de ambas as partes.

“É fácil, porque temos a língua a unir-nos e a língua facilita muito, mas também é o conhecimento que Portugal tem de Angola. Temos que reconhecer que eles estão mais avançados do que nós e que estão capazes de nos prestar um auxílio, que, tendo em conta o conhecimento passado e profundo que eles têm de Angola, podemos tirar mais-valias comparativamente a outros países da Europa e mesmo de outros continentes. Portanto, são para valorar, para fortificar, aprofundar essas relações em todos os domínios”, acrescentou.

NME // VM – Lusa/Fim
Presidente de Angola, João Lourenço em Portugal.
Palácio de Belém, Lisboa, Portugal, 22 de novembro de 2018.
JOSE SENA GOULAO/LUSA
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