“Porque a Portuguesa também samba”

“Para quem vem de fora, sente-se uma grande diferença, porque o estrangeiro pensa que carnaval é só o Sambódromo, enquanto a verdadeira essência é o bloco de rua”, afirmou à Lusa o português Bruno Fontoura, de 27 anos, há dois anos no Rio de Janeiro.

A ideia de fundar um bloco de rua somente de portugueses surgiu virtualmente por meio do grupo que os emigrantes mantêm no Facebook, que atualmente conta com mais de 1.300 membros.

A brincadeira atraiu desde os emigrantes mais antigos até aos recém-chegados, alguns dos quais com residência noutra cidade mas que viajaram ao Rio de Janeiro só para conhecer o famoso carnaval.

“Gostava que São Paulo fosse assim”, brincou o engenheiro civil José Miguel, de 25 anos, que chegou há três semanas ao Brasil para trabalhar na capital paulista pelo programa InovContacto.

Ao seu lado, um grupo de amigas, recém-chegadas de Portugal, conta que a “confusão” é ainda maior do que imaginavam, mas que a energia e a alegria são “indescritíveis”.

“É um evento único no mundo, o melhor carnaval, em cada rua em cada esquina tem uma festa”, diz animada a administradora Isabel Marques, de 27 anos.

No meio da “folia”, eis que surgem Camões e Pessoa, caminhando lado a lado, e gentilmente atentando aos pedidos de pose para fotos.

As fantasias, criadas por duas arquitetas portuguesas, foram a “sensação” do concurso realizado no escritório onde trabalharam, por isso resolveram repetir a dose durante o bloco deste ano.

“O nosso escritório sempre faz um concurso de fantasias e como somos vários de Portugal, este ano tentamos nos organizar para fazer uma fantasia portuguesa”, explica Rita Costa, de 29 anos, caracterizada com as barbas de Camões.

Bigodes também não faltaram entre os disfarces, bem como as cores da bandeira portuguesa, que foram pintadas no rosto de cada um dos participantes, em memória à pátria.

Entre os veteranos, uma grande bailarina rosa, ou melhor, o engenheiro Gonçalo Almeida, há onze anos a viver no Brasil, acompanhado da mulher brasileira, Juliana de Oliveira, que conheceu há quatro anos justamente durante um carnaval no Rio de Janeiro.

“Dizem que amor de carnaval acaba no natal, mas não é verdade, mas já estamos casados há dois anos”, contou a sua esposa.

Vestido com uma camisa com o escudo português, Pedro Araújo Jacquet, gerente de projeto em uma empresa de telecomunicação, disse que estava a “pegar leve” no bloco porque durante a noite ainda desfilará numa escola de samba, no Sambódromo.

O encontro ocorreu no bairro do Leblon, área nobre na zona sul do Rio de Janeiro, ao mesmo tempo que aconteciam diversas outras festas de rua que acabaram por misturar-se em alguns momentos, ganhando adeptos brasileiros desconhecidos, bem ao estilo carioca.

 

FYRO // MSP – Lusa/fim

Foto: Uma figurante participa no desfile do Carnaval de Ovar, em Ovar, 02 de março de 2014. PAULO NOVAIS / LUSA

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