População online da China cada vez mais móvel

Isolados ou em grupo, nos transportes públicos e na rua, nos bares e restaurantes, muitos chineses passam boa parte do tempo fixados no ecrã dos seus smartphones, trocando mensagens ou a procurar informações, a ver filmes ou a fazer compras.

“Já estive em muitos sítios e nunca vi nada assim!”, exclamou o romancista português João Tordo no final de uma “residência literária” de dois meses em Xangai, no outono passado.

“Parece que é difícil estar com outras pessoas sem ser através do telemóvel”, acrescentou.

O comentário do escritor não é ficção.

Em média, os milhões de chineses ligados à internet através de dispositivos móveis passam seis horas e meia por a dia a olhar para o ecrã dos seus smartphones ou do computador portátil e apenas uma hora e meia frente à televisão, indica um estudo britânico divulgado na semana passada na imprensa oficial chinesa.

No primeiro caso, estão uma hora acima da média global e no segundo são dos veem menos televisão no mundo, concluiu a empresa Millward Brown, após uma sondagem entre 12.000 utilizadores de smartphones de 26 países.

Mesmo quando estão a ver televisão, os chineses dividem a atenção por diferentes ecrãs, refere o estudo.

Enquanto esperam por algum programa, provavelmente navegam no Weixin, uma rede social concebida para smartphones pela empresa chinesa Tencent, que em três anos cativou quase 300 milhões de utilizadores.

O Weixin (ou WeChat em inglês) é uma aplicação parecida com o WhatsApp, dos EUA, que permite partilhar mensagens de voz, textos, fotografias e vídeos. A Televisão Central da China (CCTV) já tem um telejornal diário em inglês no “Weixin”.

“Um número crescente de pessoas está afastar-se da televisão tradicional e, cada vez mais, prefere ver TV online”, afirmou um especialista da Millward Brown citado pela agência noticiosa oficial Xinhua.

O acesso ao Facebook, Youtube e Twitter está bloqueado no continente chinês (não em Macau ou Hong Kong, Regiões Administrativas Especiais que se regem pelo princípio “um país, dois sistemas”).

Segundo dados oficiais, no final de 2103, cerca de 500 milhões de chineses acediam à Internet através de dispositivos móveis, representando 81% da população online do país.

A China é também o maior mercado mundial de smartphones, um negócio liderado pela Samsung, seguida dos chineses Lenovo, Coolpad e Huawei.

A Apple disputa o 5.º lugar com a Xiaomi, marca emergente cujo presidente, Lei Jun, é apresentado na imprensa local como “o Steve Jobs da China”.

Em agosto passado, venderam-se no país 30 milhões de smartphones, número apontado então como novo recorde mensal, mas analistas do setor preveem que em 2014 as vendas cheguem às 440 milhões de unidades – uma média diária de 1, 2 milhões.

No e-commerce, o ‘boom’ é idêntico.

Pelas contas do governo chinês, em 2013, as compras online excederam os 10 biliões de yuan (1, 2 biliões de euros), um aumento de 25% em relação ao ano anterior.

Há produtos, aliás, que se compram apenas na Internet, como é o caso dos smartphones Xiaomi Mi3, que custam menos de metade do preço dos aparelhos da mesma gama vendidos pela concorrência: 1.999 yuan (cerca de 240 euros).

Um iPhone 5C, o “smartphone barato” da Apple, que também é “Made in China”, custa 4.488 yuan (530 euros).

AC // FV. – Lusa/Fim

Foto LUSA: Pequim, China, 20 de setembro de 2013. EPA/ROLEX DELA PENA

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