Bragança, 30 jan (Lusa) – O Instituto Politécnico de Bragança (IPB) está a ajudar a instalar em Cabo Verde um centro irmão do mais prestigiado polo de investigação da instituição portuguesa, o CIMO, que foi hoje motivo para um encontro das partes envolvidas.
Entidades políticas e académicas do país africano estiveram hoje, em Bragança, na sessão de lançamento do CIMO Cabo Verde, que ficará instalado da universidade local e que será uma extensão do Centro de Investigação de Montanha do IPB, com a colaboração dos investigadores portugueses no desenvolvimento da produção agroalimentar.
O CIMO Cabo Verde deverá entrar em funcionamento “até meados deste ano”, como indicou Isaurinda Baptista, diretora da Escola Superior de Ciências Agrárias e Ambientais da Universidade de Cabo Verde, onde ficará a funcionar este centro de investigação.
“Cabo Verde é um país de montanha e a investigação neste domínio irá proporcionar uma oportunidade para desenvolvermos produtos de valor e que sejam utéis para as comunidades que vivem nas montanhas”, explicou
Segundo disse, “Cabo verde já tem desenvolvido bastante investigação no setor agrário e com resultados bastante satisfatórios no domínio da produção, mas este será um centro que valorizará o ambiente montanhoso”.
A Universidade de Cabo Verde, como notou, tem “muita dificuldade em atrair estudantes para os cursos de agronomia” e com este centro de investigação acredita que conseguirão atrair mais gente.
Os responsáveis locais acreditam que têm “muito a ganhar com a experiência do CIMO Portugal”, um marca do politécnico de Bragança que “está a ter grande projeção mundial”, como salientou o presidente Orlando Rodrigues.
O politécnico de Bragança conta com apoio do Governo português e financiamento de fundos comunitários para instalar em Cabo Verde este que pretende “seja um centro de investigação irmão”, que irá também “criar emprego cientifico em Cabo Verde”.
“Estamos convencidos de que vamos fazer aqui uma cooperação interessante e com impacto em Cabo Verde na melhoria das condições de vida do povo e da produção alimentar em particular”, declarou orlando Rodrigues.
No CIMO de Bragança há investigadores cabo-verdianos e a comunidade deste país é a mais representativa, mais de mil entre os dois mil alunos estrangeiros de 70 nacionalidades que frequentam o politécnico, num total de oito mil estudantes.
O conselheiro da embaixada de Cabo Verde em Portugal, Elias Andrade, realçou que esta cooperação entre Cabo verde e o politécnico de Bragança “é uma relação antiga e muito importante”, que tem contribuído para a formação de “muitos cabo-verdianos”.
“Estas instituições comuns (como o CIMO) são sempre um valor incorporado que faz com que os dois países se projetem conjuntamente para além do seu mercado interno”, considerou.
Tratando-se de um centro de investigação é, para o representante diplomático, “muito importante porque vai produzir conhecimento muito importante sobretudo para tudo o que tem a ver com a cadeia alimentar, investigação na área da produção de alimentos, das plantas, do meio marinho”.
Elias Andrade garantiu que a comunidade cabo-verdiana “sente-se integrada tanto no ensino como na própria população” de Bragança e referiu que há alguns estudantes que acabam por ficar depois de concluírem a formação.
Mas a aposta do país é fazer regressar os jovens qualificados como Dilma Vieira, que há mais de uma década estudou contabilidade no IPB e regressou a Cabo Verde depois de concluir a formação.
É agora vice-presidente da Associação de Jovens Empresários de Cabo Verde, responsável pelo pelouro empreendedorismo e internacionalização, que faz a ligação entre o Governo e os jovens empresários.
Como partilhou com a Lusa, veio para Portugal “ganhar competências e conhecimento para ajudar o país a crescer” e assegurou que, tal como ela, “os alunos que estudaram em Bragança e regressaram todos estão empregados, uns como empreendedores, outros em cargos públicos, outros em empresas”.
Segundo disse, as maiores necessidades do país ao nível de quadros são nas áreas da tecnologia, formação profissional, docentes, agronegócio” e apontou também oportunidades noutros setores como a indústria farmacêutica, num país onde 30% deste setor é sustentado pela produção nacional.