Poeta cabo-verdiano Arménio Vieira lança mais um “Brumário”

“Fantasmas e Fantasias do Brumário” dá sequência a “Brumário” e “Derivações do Brumário”, ambos lançados a 04 de junho de 2013, e “Sequelas do Brumário”, a 15 de maio de 2014, e foi lançado quinta-feira à noite pela editora cabo-verdiana Rosa de Porcelana.
Na sequência dos anteriores “Brumários”, a nova obra de Arménio Vieira – “pode haver outro ou outros «Brumários», disse à agência Lusa – regressa à mesma temática universalista e enciclopédica, espalhada por 135 páginas e diluída em 91 “poemas em prosa”.
O livro tem dedicatórias especiais, nomeadamente a dois jornalistas e escritores portugueses, Fernando Assis Pacheco (falecido em 1995 aos 58 anos) e Manuel António Pina (falecido em 2012 aos 68 anos), bem como ao poeta e ensaísta cabo-verdiano Mário Fonseca (também falecido, em 2009, aos 70 anos).
“São poemas em prosa. Pensamentos, emoções, estética”, limitou-se a dizer Arménio Vieira, 75 anos, à agência Lusa, depois de uma intervenção em que leu um poema/prosa da sua autoria, uma mistura de versos oriundos da própria obra.
O livro, disse, continua com o “tom revolucionário”, não fosse o “brumário” mais do que uma metáfora à revolução francesa, pois a palavra era o segundo mês do calendário da primeira República gaulesa. “Mas é também a estética e a bruma que cobre Cabo Verde todos os anos. Pode ser muita coisa”.
Mais conversadora, a poetisa e escritora cabo-verdiana Vera Duarte, vice-presidente da Academia Cabo-Verdiana de Letras (ACL), de que Arménio Vieira faz parte, considerou o autor como “o mais enciclopédico e universalista” da literatura do arquipélago.
“Não há nenhuma outra obra na literatura cabo-verdiana que nos possa trazer um acervo tão grande de escritores, pensadores e filósofos como este livro de Arménio Vieira”, considerando “Fantasmas e Fantasias do Brumário” um “livro assombroso” que, além de revelar a dimensão enciclopédica do autor, ressalta “a sua extraordinária” formação greco-latina.
“Nós todos já sabemos que o Arménio Vieira é uma pessoa com muito conhecimento da história, da antropologia, da literatura, mas devo dizer que apesar de tudo o que tenho visto nos seus livros anteriores, neste ele consuma a ideia da sua extraordinária formação «greco-latina», frisou.
Arménio Adroaldo Vieira e Silva nasceu a 29 de janeiro de 1941, na Cidade da Praia, e começou a sua atividade literária na década de 1960, colaborando nas revistas SELO, Voz de Povo, Boletim de Cabo Verde, Vértice em Coimbra, Portugal, Raízes, Ponto & Vírgula, Fragmentos, entre outras.
Em junho de 2013, “O Brumário” e “Derivações do Brumário” acabou com um interregno de três anos, quando Arménio Vieira publicou “O Poema, a Viagem, o Sonho”, sequência lógica da mistura da poesia de “Poemas” (1981) e “MITOGrafias” (2006), da novela “O Eleito do Sol” (1990) e do romance “No Inferno” (1999).
Em 2009, tornou-se o primeiro escritor cabo-verdiano a obter o Prémio Camões, a mais importante distinção literária na língua portuguesa. “Sou um poeta, apenas isso”, reagiu então.

JSD // VM – Lusa/Fim


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