“Sobre sete colinas se pode desfrutar magníficos panoramas, da vasta, irregular e multicolorida massa de casas que se constitui Lisboa”. Essa é uma pequena descrição da cidade que o poeta português Fernando Pessoa fez no guia turístico que escreveu no início do século passado. Fernando Pessoa é considerado o mais universal dos poetas portugueses e também o mais lisboeta de todos. Ele viveu intensamente a cidade. Por isso, a crônica de hoje faz um passeio pelo roteiro da Lisboa de Fernando Pessoa.
Em toda a cidade há muitas homenagens ao grande poeta da língua portuguesa. As estátuas, imagens e placas estão por toda parte. O roteiro de Fernando Pessoa pode ser percorrido em poucas horas. Mesmo quem nunca pegou em um livro do poeta, irá identificar algumas frases criadas por Fernando Pessoa, como: “tudo vale a pena quando a alma não é pequena“; “navegar é preciso, viver não é preciso” ou “todas cartas de amor são ridículas e não seriam cartas de amor se não fossem ridículas“.
O passeio começa no Largo de São Carlos, local de nascimento de Fernando Pessoa. O escritor frequentou a livraria de mais de 170 anos, considerada a mais antiga do mundo. No caminho, há um ponto de venda de livros do poeta. O roteiro exige uma parada na Confeitaria a Brasileira, um clássico de Lisboa, onde é obrigatória uma foto ao lado de Fernando Pessoa. Esse foi o primeiro lugar a vender cafezinho em Portugal.
Fernando Pessoa era um homem da cidade. Ele teve mais de 20 endereços, mas não saia da região central de Lisboa. Então, o passeio percorre ruas, ladeiras, praças e a estação de trens. A guia vai explicando e às vezes tem que escolher bem as palavras. A língua de Fernando Pessoa e a nossa às vezes não parece exatamente a mesma.
Sempre a pé é possível passar por todos esses lugares e aproveitar as atrações que Lisboa oferece. Quando o cansaço baixar, basta pegar o bonde. O famoso Elétrico 28, que também faz parte do roteiro, já que era o transporte de Fernando Pessoa e hoje é o preferido dos turistas.
O roteiro da Lisboa de Fernando Pessoa chega ao restaurante onde ele terminava o dia e até hoje mantém a mesa em que ele se sentava do mesmo jeito. Também é um ponto obrigatório de foto. Passear pela Lisboa de Fernando Pessoa é ainda a chance de conhecer de onde surgiu a inspiração para algumas das obras primas da lingua portuguesa.
“Ó mar salgado, quanto do teu sal
são lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena
se a alma não é pequena.”
Fonte: http://g1.globo.com/jornal-hoje/noticia/2014/08/passear-por-lisboa-e-desvendar-o-universo-de-fernando-pessoa.html