Díli, 06 mai 2019 (Lusa) – O Parlamento Nacional timorense reafirmou hoje o compromisso “com a promoção e difusão da língua portuguesa em Timor-Leste”, num voto de saudação aprovado no arranque de várias ações que assinalam a Semana da Língua Portuguesa.
O texto reconhece que o português é “cada vez mais falado” pelos timorenses, “fruto da apropriação da língua que é de todos” e “apesar dos obstáculos” que o ensino do português ainda enfrenta.
“A nação e o seu povo têm vindo a desenvolver esforços significativos para a aprendizagem e o ensino da língua portuguesa e para que esta seja, a par do tétum, igualmente falada no quotidiano timorense”, refere o texto.
“É através da língua portuguesa que se estabelecem laços transcontinentais e transoceânicos, é através da língua portuguesa que se constrói uma identidade cultural, enriquecida pela diversidade que a caracteriza e que une os europeus, asiáticos, africanos e americanos”, nota ainda.
O voto de saudação, em reconhecimento do Dia da Língua Portuguesa e da Cultura da CPLP, marcou a jornada no Parlamento Nacional, com várias iniciativas que envolvem tanto a instituição como várias escolas da capital.
Deputados de várias bancadas recordaram que a língua portuguesa foi a língua da resistência à ocupação indonésia e está consagrada na Constituição timorense, com um grande esforço para a sua promoção em Timor-Leste.
Numa intervenção na cerimónia, o presidente do Parlamento Nacional, Arão Noé Amaral, lembrou que a língua portuguesa “foi a língua da resistência que acompanhou os timorenses durante os 24 anos” de ocupação indonésia e hoje, a par do tétum, é “parte da identidade e a língua de todos” em Timor-Leste.
Ao reconhecer as dificuldades e desafios que o ensino do português em Timor-Leste ainda enfrenta, o presidente do Parlamento saudou o apoio “absolutamente essencial” de Portugal e do Brasil, especialmente na formação de professores.
Arão Noé disse ser essencial implementar “instrumentos que reforcem a língua portuguesa” em Timor-Leste, adotando estratégias que “permitam combater a escassez de recursos, pela qualificação da população adulta e produtiva e reforço de investimento na polícia de formação e professores”.
Mais que “palavras de enaltecimento e valorização”, disse, a implementação da língua portuguesa “exige políticas claras e estratégias definidas” em que o parlamento nacional “tem uma responsabilidade fundamental” na tarefa que é de todos.
O presidente da Assembleia Parlamentar da CPLP, Francisco Branco, afirmou ser essencial que Timor-Leste “continue a desenvolver instrumentos que promovam o desenvolvimento da língua portuguesa no país”.
Apesar dos apoios de Portugal e Brasil, entre outros, “têm de ser de todos os timorenses os passos decisivos para a adoção plena da língua portuguesa, para assegurar a sua utilização nas escolas, universidades, nos serviços públicos, nos órgãos de comunicação social e pela população em geral”, disse.
O deputado da Fretilin considerou fundamental concretizar “uma política nacional para o ensino língua portuguesa”
Como ocorre há vários anos, o Parlamento timorense associa-se a um vasto programa organizado por diversas entidades em Timor-Leste para assinalar a Semana da Língua, incluindo a exposição de fotografia “Uma imagem, mil palavras”.
Hoje foram ainda entregues os prémios aos vencedores de dois concursos de escrita criativa, um para alunos de escolas timorenses e outro para funcionários do Parlamento Nacional.
Além de poesia, duas atuações marcaram este dia, a do Coro da Escola Portuguesa de Díli, que interpretou Cante Alentejano e uma música dos Deolinda, e a um grupo de alunos de português da Universidade Nacional Timor Lorosa’e (UNTL) com uma canção “sobre a dificuldade de aprender português”.