PALOP aceleram crescimento em 2024, mas Guiné Equatorial volta à recessão

Washington, 06 jun 2023 (Lusa) – As economias dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) vão acelerar o crescimento em 2024 face a este ano, com exceção da Guiné Equatorial, que se afunda numa recessão, e a Guiné-Bissau, que mantém a expansão deste ano.

De acordo com o relatório sobre as Perspetivas Económicas Globais, hoje divulgado em Washington, Moçambique será a economia lusófona com um crescimento mais acelerado, com uma expansão prevista de 8% no próximo ano, que cimenta o crescimento de 5% previsto para este ano.

Cabo Verde, ainda a recuperar da significativa originada pela quebra nas receitas do turismo devido à pandemia de covid-19, deverá registar um crescimento de 4,8% este ano e 5,4% em 2024, confirmando a robustez da recuperação económica.

A Guiné-Bissau deverá manter o crescimento de 4,5% neste e no próximo ano, ao passo que Angola não deverá conseguir manter o crescimento de 2021, registado no ano seguinte a cinco anos de recessão económica.

A maior economia lusófona africana deverá, assim, registar uma expansão de 2,6% este ano e 3,3% em 2024, mais ou menos em linha com o crescimento da população, o que não será suficiente para aumentar o nível de riqueza per capita.

São Tomé e Príncipe também deverá acelerar de 2,1% este ano para 3,4% no próximo ano, ficando apenas um pouco acima do crescimento registado no primeiro ano da pandemia, em 2020, quando a economia cresceu 3,1%.

No extremo oposto está a Guiné Equatorial, que continua incapaz de fazer a economia crescer. O mais recente país da lusofonia está mergulhado em recessão desde meados da década passada, tendo apenas interrompido este ciclo negativo com um crescimento de 2,9% no ano passado.

Para 2023 e 2024, o Banco Mundial prevê uma recessão de 3,7% e de 6%, sendo que em 2025 a estimativa é de nova contração, na ordem dos 3,1%.

A nível regional, o Banco Mundial prevê que o crescimento económico abrande para 3,2% este ano antes de acelerar para 3,9% em 2024, com a recuperação económica a ser ameaçada por vários fatores.

“A recuperação das economias dos choques adversos económicos e climáticos, já de si frágil e incompleta em muitos países, foi enfraquecida pela inflação elevada e persistente, maior aperto nas condições financeiras globais e nas políticas internas e surtos de violência e perturbação social nalguns países”, lê-se na parte do relatório ‘Perspetivas Económicas Globais’ sobre a África subsaariana.

De acordo com o documento, hoje divulgado em Washington, a África subsaariana entrou em 2023 com mais 35 milhões de pessoas em situação de insegurança alimentar aguda do que no ano anterior, uma situação agravada pela inflação elevada, que ficou acima de 10% em quase 70% dos países.

Em abril, o Banco Mundial previa que a economia da região abrandasse para 3,1% este ano, depois de ter crescido 3,6% em 2022.

Entre os principais riscos apresentados, o Banco Mundial destaca que “as previsões estão sujeitas a múltiplos riscos negativos, já que a atividade económica global pode desacelerar ainda mais do que o previsto se a reabertura da economia chinesa falhar, ou se as condições financeiras globais se tornarem mais restritivas” e aponta que a inflação continua a ser preocupante.

“Se as pressões inflacionárias continuarem a persistir durante mais tempo do que o que antecipamos ou se houver dificuldades no setor bancário das economias mais avançadas que se espalhem ao sistema financeiro global, então as condições financeiras dos países da África subsaariana podem piorar ainda mais, desencadeando novas depreciações da moeda e saída de capitais, aumentando o risco de sobre-endividamento [debt distress, no original em inglês]”, lê-se ainda no relatório.

Pintando o cenário macroeconómico em tons sombrios, o Banco Mundial diz que “muitas economias da região, já com falta de espaço de manobra orçamental para mitigar os novos choques macroeconómicos, estão a lidar com desafios internos formidáveis como a pobreza persistente, surtos de violência e conflito, e impactos adversos das alterações climáticas”.

Os economistas desta instituição financeira multilateral alertam ainda que se houver mais eventos extremos climáticos com um aumento da insegurança em vários países, isso pode “piorar ainda mais o crescimento e resultar em grandes crises humanitárias”.

MBA // PJA – Lusa/Fim

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