A informação foi hoje divulgada pela agência Zenit, referindo que o espanhol José de Anchieta será canonizado juntamente com dois beatos nascidos em França, ligados à evangelização do Canadá, Maria da Encarnação Guyart e o bispo Francisco de Montmorency-Laval.
Segundo a agência católica, o papa explicou que estes três “novos santos se apresentavam como modelos de evangelização”.
O “site” Evangelho Quotidiano (EQ) afirma que o padre José de Anchieta é canonizado sem os dois milagres geralmente necessários, um para a beatificação e outro para a canonização.
“Os canonistas chamam a este procedimento ‘canonização equipolente’, pois equivale ao processo normal para declarar que determinada pessoa falecida se encontra junto de Deus, no céu, intercedendo pelos que ainda vivem na terra”, escreve o EQ.
Segundo a Zenit para a “canonização equipolente” são necessários três requisitos: prova do culto antigo ao candidato a santo, atestado histórico incontestável da fé católica e das virtudes do candidato e a fama ininterrupta de milagres intermediados pelo candidato.
Segundo a Zenit, “são inúmeros os milagres e graças atribuídos à intercessão” de José Anchieta, que é venerado como “bem-aventurado”, aquele que está junto de Deus, quer por brasileiros, quer por católicos das ilhas espanholas Canárias.
No dia 24 de abril, às 18:00, em Roma, na Igreja de Jesus, o papa Francisco presidirá à missa de ação de graças pela canonização do “apóstolo do Brasil”, na qual estará presente o bispo de Tenerife, Bernardo Álvarez, terra natal de Anchieta.
O processo de Anchieta teve início logo no ano da sua morte, em 1597, e prolongou-se por 417 anos. Durante este processo verificou-se, em 1773, a supressão da Companhia de Jesus, comunidade à qual pertenceu.
Segundo o EQ, a possibilidade de uma “canonização equipolente” foi uma proposta do prefeito da Congregação para a Causa dos Santos, cardeal Angelo Amato.
O padre José de Anchieta catequizou os índios brasileiros na segunda metade do século XVI, tendo, na companhia de outros jesuítas, fundado a cidade de S. Paulo.
A cidade de São Paulo de Piratininga foi fundada no dia 25 de janeiro de 1554, com a construção de um colégio jesuíta por doze padres, entre os quais Manuel da Nóbrega e José de Anchieta, no alto de uma colina, entre os rios Anchangabaú e Tamanduateí. O colégio, segundo as crónicas históricas, era um barracão feito de argila e cascalho.
O próprio Anchieta dá conta desta fundação, numa carta que enviou para a Europa, em que afirma que celebraram, “em paupérrima e estreitíssima casinha, a primeira missa, no dia da conversão do apóstolo S. Paulo”.
José de Anchieta, que nasceu a 19 de março de 1534 em San Cristobal de La Laguna, na ilha espanhola de Tenerife, foi também teatrólogo, historiador e poeta.
O sacerdote defendeu os índios brasileiros das tentativas de escravização por parte dos colonizadores e lutou ao lado dos portugueses contra os franceses estabelecidos, de 1555 a 1560, no sul do Rio de Janeiro, a denominada colónia França Antártica. Dirigiu o colégio dos Jesuítas, no Rio de Janeiro, de 1570 e 1573, e foi nomeado, em 1577, provincial da Companhia de Jesus no Brasil.
José de Anchieta morreu no dia 09 de junho de 1597, na cidade de Iriritiba, que atualmente se denomina Anchieta, em sua honra, e se localiza no Estado do Espírito Santo.
Entre as suas obras literárias contam-se “Poema à Virgem”, “Os feitos de Mem de Sá”, “Carta da Companhia” e “Arte e Gramática da língua mais usada na costa do Brasil” e “A Cartilha dos Nativos”, uma gramática da língua tupi-guarani.
O papa João Paulo II beatificou o “apóstolo do Brasil” em 22 de junho de 1980.
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