Coimbra, 23 fev (Lusa) – Uma nova edição de “Os Lusíadas” é lançada a 31 de março, sem ilustrações e focado num tratamento gráfico e tipográfico da obra, mantendo a grafia original, num projeto organizado pelo Colégio das Artes da Universidade de Coimbra.
A edição da obra de Luís de Camões é coordenada pelos docentes António Olaio e Rita Marnoto, da direção do Colégio das Artes (CAUC) da Universidade de Coimbra, e conta com design do ateliê FBA e distribuição da editora Almedina, sendo um projeto que usa a “tipografia como forma de caracterização do livro”, explanou António Olaio.
A obra surgiu a partir de “uma ideia quase de arte conceptual, de fazer um livro como objeto, fazendo-o ressurgir” através de um trabalho centrado no “afinamento” da tipografia, disse à agência Lusa o também artista plástico, que falava à margem da apresentação da Semana Cultural da Universidade de Coimbra – evento onde está integrado o lançamento do livro.
Segundo António Olaio, há um “ressurgimento do livro”, que “não é uma afirmação óbvia de uma atualidade plástica, nem é um ‘fac-símile'”.
O artista plástico e diretor da CAUC aclarou que “a atitude da FBA não foi de brincar plasticamente com a tipografia”, para não cair “no perigo de ser uma atitude iconoclasta”, optando antes por um trabalho de “afinamento de tipografia, com uma delicadeza muito grande”.
A fonte utilizada, sublinha, “é nova”, mas baseada e inspirada na “leitura de fontes renascentistas”, sendo que houve um “trabalho muito complexo de elaboração” da fonte.
“É um livro que também celebra a ideia de livro e a dimensão portátil dos livros”, frisou.
António Olaio referiu ainda que se optou por editar o livro “com a grafia da primeira edição”, publicada originalmente em 1572, por considerar que, “talvez, [se saiba] melhor qual a grafia da primeira edição do que a atual, apesar das variações que possa haver no português da época”.
O livro é publicado pela editora Almedina, sediada em Coimbra, havendo a possibilidade de ser distribuído no Brasil, informou.
O lançamento realiza-se a 31 de março, pelas 18:00, no Colégio das Artes, uma unidade orgânica da Universidade de Coimbra que trabalha no campo da arte contemporânea, relacionando-se com a arquitetura, o cinema e as artes performativas.