Nova Iorque, 05 mai (Lusa) – O livro “Chronicle of the Murdered House” (“Crônica da Casa Assassinada”), do escritor brasileiro Lúcio Cardoso, traduzido do português por Margaret Jull Costa e Robin Patterson, ganhou o Prémio de Melhor Livro Traduzido nos Estados Unidos, para ficção.
A 10.ª edição deste prémio anual de tradução contemplou também a obra “Extracting the Stone of Madness”, de Alejandra Pizarnik, traduzida do espanhol por Yvette Siegert, que venceu na categoria de poesia.
O anúncio dos prémios foi feito na quinta-feira à noite, no The Folly, em Nova Iorque.
Margaret Jull Costa era uma forte candidata ao prémio, já que contava com quatro livros traduzidos na primeira lista de nomeados para o Prémio de Melhor Livro Traduzido.
No entanto, esta é a primeira vez que Margaret Jull Costa recebe o galardão, tal como Robin Patterson.
De acordo com o membro do júri Jeremy Garber (Powell’s Books), “apesar de ter demorado mais de 50 anos para aparecer em inglês ‘Crônica da Casa Assassinada’, de Lúcio Cardoso, valeu a pena esperar”.
“A obra-prima, de 1959, do falecido autor brasileiro é retumbante. Graças à proeza de tradução de Margaret Jull Costa e Robin Patterson, esta saga em torno de escândalos familiares, criada por Cardoso, chega merecidamente a um público ainda maior”, realçou.
Mark Haber (Livraria Brazos), também do júri, acrescentou que “a Crónica tem laivos de Dostoiévski, García Márquez e William Faulkner, mas o ADN é inteiramente de Cardoso, que era não só um amigo, mas o mentor de Clarice Lispector”.
“Este romance não está apenas lindamente escrito, é estranhamente profundo e uma alegria de ler. Os dramas de uma família de prestígio na selva provinciana completam-se com mexericos, trapalhadas, travestismo e tentativas de suicídio, todos sob o mesmo teto”, disse, considerando que “esta tradução vem muito atrasada”.
“Extracting the Stone of Madness” é a quarta obra de Alejandra Pizarnik a ser traduzida por Yvette Siegert, mas a primeira a ganhar o prémio de livro mais bem traduzido.
Publicado pela New Directions – que já ganhou o prémio de tradução em três ocasiões, duas para ficção e uma para poesia – o livro compila os trabalhos mais tardios de Pizarnik, incluindo alguns textos póstumos.
“O júri ficou extremamente impressionado com a tradução de Donald Nicholson-Smith de “In Praise of Defeat”, de Abdellatif Laâbi, mas acabou por escolher a tradução de Yvette Siegert de “Extracting the Stone of Madness”, de Alejandra Pizarnik, como vencedora de poesia deste ano”, disse Emma Ramadan (Riffraff Bookstore), do júri.
“É um livro que grita de solidão e dor, com uma extrema beleza, em que a melodia quebrada de cada poema preenche um vazio percetível por todos. Yvette Siegert habita perfeitamente o mundo tortuoso e vívido de Pizarnik e permite-nos fazer o mesmo”, acrescentou.
Pelo sexto ano consecutivo, os livros vencedores vão receber 10 mil dólares norte-americanos cada, igualmente divididos entre os autores e os tradutores.