Fernando Ferreira Alves*, professor da Universidade do Minho, traça na tese de doutoramento o perfil e perspectiva futura do sector dos tradutores portugueses, considerando que estes têm que unir-se e impor diretrizes rigorosas e consistentes para evitar a desregulação da classe e enfrentar favoravelmente o crescimento exponencial da indústria das línguas.
Com uma amostra de quase 500 profissionais do Norte de Portugal, o professor do Departamento de Estudos Ingleses e Norte-Americanos e vice-presidente do Conselho Nacional de Tradução contribui para redefinir e orientar os novos formados no mercado global.
“São incontáveis as pessoas a oferecer serviços de tradução na Lusofonia; logo, há facilmente a intrusão de elementos estranhos ao sistema. Isso impede a prestação de um serviço sério de qualidade e afeta o papel do tradutor”, diz Fernando Ferreira Alves. Acrescenta: “A tradução profissional é uma atividade transversal, estratégica, marcadamente interdisciplinas, intercultural e geradora de elevado valor económico.”
A tese conclui que o tradutor-tipo português é do sexo feminino, de 21 a 30 anos, tem este trabalho como atividade principal, possui grau superior e traduz há cerca de três a cinco anos.
A maioria dos inquiridos admite ter uma boa performance [desempenho] laboral, mas mais de metade mostra a insatisfação pelo estatuto da profissão e pelo mercado nacional, além de achar que a sua imagem na sociedade é fraca e que a qualidade da tradução portuguesa é, em geral, mediana. Por outro lado, o grosso dos inquiridos reprova os níveis éticos da profissão, as condições de trabalho e a insegurança económica. :::
* Fernando Ferreira Alves é professor-leitor do Departamento de Estudos Ingleses e Norte-Americanos, do Instituto de Letras e Ciências Humanas da Universidade do Minho.
Fonte: Ventos da Lusofonia
Foto: LUSA – 82ª Edição da Feira do Livro do Porto, 30 de maio de 2012. JOSE COELHO/LUSA