O ‘ferry-boat’ que em 1992 foi impedido por fragatas indonésias de entrar em Díli

Díli, 09 mar (Lusa) – O Lusitânia Expresso, o ‘ferry-boat’ que em 1992 foi impedido por fragatas indonésias de levar 150 pessoas que pretendiam depositar flores no cemitério de Santa Cruz, em Díli, foi desativado em 2011 na Venezuela, onde acabou as suas operações.

Um percurso de 46 anos de um ferry que navegou em vários oceanos, sob quatro bandeiras – Noruega, Finlândia, Portugal e Panamá – e com quatro nomes: Spervik 1, Roslagen, Lusitânia Expresso e finalmente Guaiqueri Express.

A vida do ferry que, 25 anos depois, ainda é o símbolo da solidariedade dos portugueses com Timor-Leste, é contada em vários sites de história de navios, marinha mercante e transportadores, consultados pela Lusa.

Uma história colorida com fotos de ‘shipspotters’ que mostram a evolução do navio que nasceu com o número de identificação marítima (IMO na sigla inglesa) 6407858 para fazer a rota entre Sandefjord e Stromstad na Noruega e acabou em Puerto Cabello, na Venezuela.

O ponto alto desta história ocorreu a 11 de março de 1992, quando a marinha indonésia impediu o ‘ferry-boat’ Lusitânia Expresso de avançar em direção a Timor-Leste, onde os participantes na missão “Paz em Timor” pretendiam chegar para depositar flores no cemitério de Santa Cruz, em Díli, homenageando as mais de 200 vítimas do massacre perpetrado pelas forças indonésias a 12 de novembro do ano anterior.

A bordo, seguiam mais de uma centena de pessoas, incluindo o antigo Presidente português Ramalho Eanes, estudantes de 23 países, e 25 jornalistas portugueses e 34 estrangeiros.

De 1613 toneladas, 73 metros de comprimento, 13,27 de largura e 3,9 de calado, o Lusitânia tinha uma capacidade para 600 passageiros e 64 carros e uma velocidade de 14 nós.

Foi posto em funcionamento a 14 de maio de 1964 e durante cinco anos viveu sob o nome Spervik 1, transportando passageiros entre os portos noruegueses de Sandefjord e Stromstad ao serviço da empresa Rederi Skipsaksjeselskapet Spervik.

Em 1969 muda de nome, para Roslagen, de dono – para a operadora finlandesa Rederiaktiebolaget Eckero – e de rota, passando a operar na Suécia, entre as cidades de Estocolmo e Mariehamn e, posteriormente, entre a pequena localidade sueca de Grisslehamn e a municipalidade finlandesa de Eckero.

A vida do “Navio das flores”, como também ficou conhecido, dá a sua primeira grande volta em 1989 quando assume o nome de Lusitânia Expresso, de dono – passa para a Companhia de Transportes Marítimos em Lisboa e muda de mares, passando a fazer a ligação entre Portimão e Tanger (até 1990) e entre Funchal e Porto Santo entre 1992 e 1993.

O navio é operado primeiro pela Lusitânia Ferries e depois pela Linha Globus, mantendo nos dois casos o nome de Lusitânia Expresso com que fez a sua maior aventura, primeiro por mar até Darwin, no Território Norte da Austrália, e depois com estudantes, ativistas e jornalistas a bordo até 12 milhas ao largo de Timor-Leste.

Uma viagem feita sob bandeira do Panamá (que o navio teve desde 1989) e que seria a primeira do resto da vida do navio que depois de décadas no hemisfério norte acabou a sua vida no hemisfério sul, já como um novo nome, o Guaiqueri Express.

ASP // PJA – Lusa/Fimlusitania-expresso
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