Número de escolas e de alunos em Timor-Leste quase duplicou nos últimos 15 anos

Díli, 15 mai (Lusa) – Timor-Leste registou grandes avanços no setor educativo com mais 772 escolas, um crescimento de 113% no número de docentes e de 64% no de alunos nos últimos 15 anos, continuando com desafios importantes, disse hoje o primeiro-ministro.

Os dados foram revelados por Rui Maria de Araújo no arranque do 3º Congresso Nacional da Educação e em jeito de balanço sobre o que foi alcançado desde a restauração da independência do país, cujo 15º aniversário se comemora no dia 20 de maio.

Rui Araújo disse que, apesar das melhorias, permanecem desafios significativos com taxas de reprovação e abandono escolar altas e avaliações negativas sobre a capacidade linguística dos alunos.

Mais de 70% dos estudantes no fim do primeiro ano “não conseguia ler nenhuma palavra de um simples texto em Português e em Tétum”, valor que cai para 40% no segundo ano, disse, referindo-se às duas línguas oficiais do país.

“Somente cerca de um terço dos estudantes do 3.º ano podiam ler 60 palavras por minuto (quantidade que é convencionalmente requerida como base indispensável para uma melhor aprendizagem por parte do estudante) e responder corretamente a perguntas simples de compreensão”, disse.

Igualmente significativo, disse, são os dados do inquérito nacional sobre a força do trabalho que “aponta para 60% de desadequação entre habilidades requeridas para o emprego e o nível de educação dos empregados”.

Entre os avanços, o primeiro-ministro recordou que nos últimos 15 anos o número de escolas do ensino pré-escolar, básico e secundário cresceu de 93 para 1.715 (mais 772), o número de alunos aumentou 64% (de 238.639 para 391.611) e o número de docentes aumentou 113% (de 6.541 para 13.948).

O rácio de alunos por professor caiu de 36 para 28 e só nos últimos três anos a taxa líquida de acesso cresceu dois pontos de 13 para 15% no pré-escolar e seis, de 26% para 32%, no ensino secundário.

Apesar das carências que ainda permanecem os sucessivos Governos equiparam as escolas com 98.5000 conjuntos de mesa e cadeiras, tendo sido distribuídos mais de 957 mil manuais e materiais didáticos para os diversos níveis de ensino.

Em processo de implementação está a conversão de 21 escolas do ensino secundário para o ensino técnico vocacional, beneficiando quase 3.500 alunos, tendo sido instalados 13 Centros de Aprendizagem e Formação Escolar (CAFE), as escolas de referência apoiadas pelo Governo português.

No ensino superior o número de alunos cresceu de 23.460 em 2011 para mais de 50.500 em 2015, e o de professores aumentou de 948 para 2.100 tendo mais de 10.700 professores recebido formação contínua.

Num momento de críticas ao que muitos em Timor-Leste consideram o insuficiente investimento do Orçamento do Estado no setor educativo, o primeiro-ministro insistiu que o gasto é de 7,9% do PIB, superior em 4 pontos percentuais à média de gasto dos países da região, ou 3,9%.

Somando gastos do Ministério da Educação mas também do financiamento das infraestruturas da Educação através do Fundo de Infraestruturas, da Universidade Nacional Timor Lorosa’e (UNTL) e do Fundo de Desenvolvimento do Capital Humano, a média é de 9,21% dos orçamentos aprovados desde 2015, disse.

O “ligeiro abrandamento da percentagem de financiamento” para o setor nos últimos anos ocorre num momento em que o país tem de direcionar grande parte do Orçamento para a construção de infraestruturas básicas, essenciais “para o acesso à educação, para que o país e o povo possam crescer e desenvolver-se de forma sustentável”, disse.

“A obtenção de resultados pode não estar somente associada ao orçamento propriamente dito, mas também, e principalmente, à capacidade de o gerir, priorizar e implementar de acordo com as políticas de educação definidas”, considerou.

O 3º Congresso Nacional da Educação decorre em Díli até quarta-feira.

ASP//ISG – Lusa/FimDespesa publica com Saúde e com Educação
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