“É uma região cada vez mais influente no comércio mundial, é um ator ativo nas negociações e acredito que, simplesmente, [a nomeação] é uma consequência natural desta crescente participação no comércio e nas negociações”, afirmou Azevêdo, nas primeiras declarações à comunicação social, após o anúncio da sua eleição como o novo responsável da OMC.
Azevêdo, de 55 anos, embaixador permanente do Brasil naquela organização desde 2008, disputou a liderança da organização com o candidato mexicano Herminio Blanco, de 62 anos.
Blanco, ex-ministro do Comércio e Indústria do México e negociador-chefe do México para o Tratado de Livre Comércio das Américas (NAFTA, sigla em inglês), assumiu um papel importante no desenho e implementação de mudanças estruturais na economia mexicana, tornando-a mais aberta e competitiva.
Azevêdo e Blanco foram os nomes que chegaram à fase final do processo de eleição.
“Não se trata do que o sistema [multilateral de comércio] tem dado à América Latina, mas sim o que a América Latina tem dado ao sistema”, realçou Azevêdo, que ainda é o representante brasileiro na organização, com sede em Genebra.
Sobre os desafios que irá enfrentar a partir de 01 de setembro, quando assumir o cargo, o futuro diretor-geral considerou que o mais urgente “não é obtermos o que queremos [da OMC], mas sim salvar o temos”.
“A única maneira de olhar o futuro será sentarmo-nos numa mesa, juntos, com o objetivo de encontrar soluções e avançar”, referiu Azevêdo, numa referência à necessidade de reativar as negociações comerciais designadas como “Ronda de Desenvolvimento de Doha”.
Estas conversações estão paralisadas desde 2008, porque não foi possível encontrar o consenso e a convergência de interesses dos distintos grupos de países em áreas consideradas como fundamentais do processo: liberalização do setor agrícola, industrial e serviços.
Ainda sobre a sua eleição, Azevêdo explicou que a sua candidatura foi “aceite por uma grande maioria de membros, localizados em todos os continentes” que acreditam que ele poderá “ajudar a construir as pontes necessárias para avançar com as negociações”.
Azevêdo está diretamente envolvido em assuntos económicos e comerciais há mais de 20 anos e, como chefe do departamento económico do Ministério brasileiro, entre 2005 e 2006, chefiou a delegação brasileira nas negociações da Ronda de Doha da OMC, sobre a liberalização de mercados.
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