Novo bispo receia fecho de universidade católica de Macau

Macau, China, 29 fev (Lusa) – O novo bispo de Macau está preocupado com o futuro da Universidade de São José que, pela sua matriz católica, não é autorizada a receber alunos da China o que, considera, pode pôr em risco a viabilidade da instituição.

“Não vejo nenhum motivo para nós, sendo uma universidade católica, estarmos a ser assim discriminados, sabendo-se perfeitamente que todas as universidades [de Macau] dependem dos alunos da China continental. A não ser que o objetivo seja que a nossa universidade feche. Rezo a Deus que não seja o caso”, alertou stephen Lee, em entrevista à agência Lusa.

“Tal é permitido a outras universidades. Porquê esta discriminação? Não fiquei contente com esta situação”, sublinhou.

Há muito que a Universidade de São José (USJ) negoceia com o Governo central para poder receber alunos da China continental, que representam parte significativa do corpo estudantil da maioria dos estabelecimentos de ensino superior de Macau.

Apesar de a universidade ter manifestado otimismo no passado, voltou a receber uma recusa na semana passada: o Gabinete de Apoio ao Ensino Superior confirmou ao jornal Hoje Macau que o Ministério da Educação da República Popular da China não aceitou o pedido.

“Quando ouvi que havia uma possibilidade fiquei muito feliz. Mas agora, ao saber que houve novamente um não, fiquei muito chateado. É muito injusto para nós. A única razão em que consigo pensar é por sermos católicos. É óbvio, não é?”, lamentou.

A USJ pertence à Fundação Católica, uma organização presidida pelo bispo e instituída pela Universidade Católica de Portugal e pela Diocese de Macau.

Stephen Lee reafirmou também a importância das 26 escolas católicas do território, no contexto das cerca de sete dezenas de estabelecimentos escolares da cidade.

“São diferentes das outras escolas porque além de darmos conhecimento aos alunos, pomos também grande ênfase nas virtudes. As outras escolas também o fazem, mas nós focamo-nos na mensagem do evangelho, de caridade, amor por Deus e pelos outros, [na importância de] construir uma família através do casamento”, descreve.

O novo bispo de Macau, que tomou posse a 23 de janeiro, sublinha o valor desta mensagem, principalmente em cidades como Macau e Hong Kong, em que os jovens correm o risco de “só pensarem em si próprios, no seu bem-estar, no que possuem”.

“É algo infindável. Se tens um milhão, queres dois, se tens dois, queres três. Queres sempre mais e nunca te vais sentir satisfeito”, explica.

Assim, e apesar de a maioria dos alunos destas escolas não serem católicos – apenas 5% da população de Macau professa esta religião –, Stephen Lee encara o ensino “não como um meio para fazer proselitismo”, mas para formar “bons homens e mulheres, que contribuam para a sociedade”.

ISG // PJA – Lusa/fim
O novo bispo de Macau, Stephen Lee, receia fecho de universidade católica de Macau por falta de alunos da China, 22 de fevereiro de 2016. Há muito que a Universidade de São José (USJ) negoceia com o Governo central para poder receber alunos da China continental, que representam parte significativa do corpo estudantil da maioria dos estabelecimentos de ensino superior de Macau. (ACOMPANHA TEXTO DE 29 DE FEVEREIRO DE 2016). CARMO CORREIA/LUSA
O novo bispo de Macau, Stephen Lee, receia fecho de universidade católica de Macau por falta de alunos da China, 22 de fevereiro de 2016. Há muito que a Universidade de São José (USJ) negoceia com o Governo central para poder receber alunos da China continental, que representam parte significativa do corpo estudantil da maioria dos estabelecimentos de ensino superior de Macau. (ACOMPANHA TEXTO DE 29 DE FEVEREIRO DE 2016). CARMO CORREIA/LUSA

 

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