Carlos Amaral, administrador da Priberam, explicou à agência Lusa que o acordo com a Amazon foi firmado há cerca de dois meses, antes de ter sido lançado no mercado, há poucas semanas, a mais recente versão do Kindle.
A partir de agora quem adquirir um destes aparelhos – criado pela Amazon – terá acesso de imediato ao dicionário em língua portuguesa, o que antes não acontecia.
“Pela primeira vez tem um dicionário da língua portuguesa que permite consultar a definição de qualquer palavra que aparece nos textos, sejam eles escritos no português europeu ou do Brasil”, explicou o responsável da Priberam.
Além do Kindle, o dicionário da Priberam estará disponível nas aplicações Kindle para outros aparelhos, como o iPhone e o iPad.
Sobre o negócio com a Amazon, a empresa que lidera a venda de produtos de cultura pela Internet, em particular livros em papel e em digital, Carlos Amaral disse apenas que é “interessante”.
“É um licenciamento para vários anos e o nosso dicionário vai estar em todos os Kindle a partir de agora em todo o mundo”, sublinhou.
Para a Priberam, o negócio terá mais impacto no Brasil, com um mercado “muito maior” do que o português.
“O dicionário já tem uma grande notoriedade no Brasil”, explicou Carlos Amaral, referindo que os dicionários que disponibiliza online contabilizam 300 a 400 mil pesquisas diárias, das quais quase 200 mil são a partir do Brasil.
No final do ano passado, a Amazon anunciou que, nos Estados Unidos, as vendas de livros em formato digital superaram as do tradicional em suporte papel.
A Priberam alcançou este acordo com a Amazon depois de, em abril, ter disponibilizado para venda online o dicionário de língua portuguesa.
“O que terá dado alguma visibilidade em termos da nossa capacidade para desenvolver esse trabalho”, justificou.
O facto de a Priberam ter acompanhado de perto o desenvolvimento dos novos modelos do Kindle permitiu-lhe ficar “com um conhecimento de como é que funciona o mercados dos ‘ebooks'” e aplicar essas informações em novos projetos, por exemplo, na área jurídica.
“Temos muitos clientes que são advogados e este será o tipo de plataforma que terá interesse em áreas setoriais, poder carregar os 300 ou 400 códigos com os quais os advogados trabalham e ter tudo aqui”, disse Carlos Amaral, apontando para um aparelho Kindle.
O sucesso do dicionário de língua portuguesa no Kindle dependerá diretamente da venda deste, mas o administrador da Priberam diz-se confiante” no mercado.
“A possibilidade do Kindle ter funcionalidades que já não são só para inglês irá abrir ainda mais este mercado. Os editores terão mais interesse em colocar os livros no Amazon em formato ‘e-book’. Este passo que a Amazon deu de abrir o Kindle para outras línguas irá favorecer a edição de ‘ebooks'”, opinou.
@Lusa
*Este artigo foi escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico.*
FONTE: SAPO