O compromisso do Governo com o ensino da língua portuguesa regressou ontem ao hemiciclo pela voz de Alexis Tam. O secretário para os Assuntos Sociais e Cultura defendeu que nenhuma cidade chinesa reúne as condições e vantagens de Macau no ensino do português. O responsável pela pasta da educação sublinhou ainda que o domínio do português facilita a aprendizagem de outras línguas e alarga os horizontes no mundo. Fazer de Macau um centro de ensino da língua portuguesa figura entre as metas do secretário.
Sílvia Gonçalves (silviagoncalves.pontofinal@gmail.com)
O reforço da formação de quadros bilingues de português-chinês já tinha estado em destaque no arranque da sessão legislativa, em Outubro, e ontem regressou ao hemiciclo. No debate das Linhas de Ação Governativa (LAG) na área dos Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam defendeu que é possível fazer mais pelo ensino da língua portuguesa e lembrou que nenhuma outra cidade chinesa reúne as condições e vantagens de Macau para o fazer. O secretário diz ter dado já instruções para um efetivo reforço do ensino do idioma e reitera a aposta de converter Macau num centro de ensino do português.
O deputado Chan Meng Kam começou por inquirir o secretário sobre a formação de quadros bilingues, lembrando que o Governo já tinha sublinhado a necessidade de recrutar 120 profissionais para integrar nos diferentes setores do Executivo. A deputada Melinda Chan lamentou que o número de estudantes de português ainda não seja significativo e lançou a proposta de integrar o português como terceira língua em escolas onde o inglês ocupa a segunda posição.
Alexis Tam respondeu-lhes com o compromisso, assumido pelo Governo, de afirmar Macau enquanto centro de aprendizagem da língua portuguesa: “Podemos fazer mais pelo ensino do português. O primeiro-ministro Li Keqiang em Outubro deu ordens a Macau para melhorar o ensino do português. Macau tem um legado histórico, uma relação estreita com a lusofonia. Temos a comunidade portuguesa, a imprensa portuguesa, o português como língua oficial”, explica. “Nenhuma cidade chinesa tem estas vantagens. Nenhuma cidade consegue ensinar tão bem o português como nós. Podemos ser mais determinantes no ensino do português. Já dei instruções para o reforço do ensino da língua portuguesa”, garantiu o secretário.
O governante salientou ainda o apoio que diz ter das autoridades portuguesas: “Temos mais de dez escolas públicas e são uma boa plataforma para o ensino do português. E temos o apoio do Governo de Portugal. Para o ministro da Educação, as escolas luso-chinesas são um bom exemplo do ensino do português. Já formamos um grupo de trabalho para o ensino das línguas oficiais, especialmente o português. Eu sou optimista”, assegurou.
Melinda Chan regressaria depois ao tema, questionando quantos são afinal os alunos que falam português. Em resposta, Alexis Tam assinalaria que o domínio do português facilita a aprendizagem de outras línguas: “Temos todas as vantagens e condições [para ensinar a língua portuguesa]. Conseguimos ver o valor do português. Dominando-se o português, consegue-se aprender outras línguas estrangeiras. Conhecendo-se o português, alargam-se os horizontes no mundo”.
De fora não ficaram as vantagens competitivas da língua, associadas ao universo de investimentos efectuados na lusofonia: “O nosso país tem muitos investimentos feitos em Angola, Brasil, Moçambique, e ainda em Portugal. A nossa iniciativa é criar um centro de ensino do português e reforçar as bolsas para que estudem o português em Portugal. Estamos a ver um trabalho muito promissor, mas claro que o trabalho nunca vai cessar”, assumiu o governante.