Museu Regional do Dundo prepara novas expedições no leste de Angola 80 anos depois

Dundo, Angola, 05 ago (Lusa) – O Museu Regional do Dundo, considerado o mais antigo e importante de Angola, prevê lançar duas novas expedições para reforçar a coleção etnográfica de 800 peças em exposição, mais de 80 anos depois de realizadas as únicas recolhas.

Em entrevista à agência Lusa, o diretor-geral do museu, construído pela então empresa portuguesa diamantífera Diamang, na atual capital da província da Lunda Norte, no leste de Angola, entre 1942 e 1947, revelou que as novas expedições vão arrancar em 2018, nos municípios de Lóvua e de Cambulo, reeditando as de 1937, em Camaxilo, e de 1939, no Alto Zambeze (Moxico), que permitiram constituir a exposição ainda hoje patente.

“Não é só doar, é ir comprar mesmo. Para se fazer isto tem de se sensibilizar as populações, para preservar e guardar estas peças etnográficas”, explicou Fonseca Sousa, diretor-geral do Museu Regional do Dundo desde 2013.

Além das duas históricas expedições, a atual coleção, com 818 peças em exposição, resultou ainda da doação, na década de 40 do século passado, do espólio da coleção do etnólogo José Redinha.

Fauna, flora, arqueologia, etnologia e paleontologia, por entre peças e utensílios historicamente usados no dia-a-dia das populações locais, com destaque para as máscaras rituais da cultura Lunda Tchokwe, são retratadas atualmente pelo museu, numa coleção que se pretende, pela primeira vez, e após vários anos de obras de conservação no edifício construído ainda no tempo colonial português, aumentar.

“Isto implica explicar às pessoas, às autoridades tradicionais, a importância de recolher estas peças, ferramentas e outras, que ainda são utilizadas diariamente, para podermos estudar e preservar para as futuras gerações. É isso que vamos voltar a fazer no início de 2018”, acrescentou Fonseca Sousa.

Entre a coleção atual contam-se peças de cestaria, olaria, algumas máscaras raras, de rituais e itinerantes, do povo Lunda Tchokwe, bem como todo o tipo de utensílios. A exposição divide-se por salas de Pré-história, Organização Social, Poder Político, Caça e Atividade Doméstica, Indústria e Atividade Manufatureira, Arte e Atividades Lúdicas, Crenças e Atividades Religiosas, Indústria Maneira e Usos do Diamante e Resistência à Colonização.

A máscara Mwana Pwo será a atração mais famosa do Museu Regional do Dundo, mas outras, históricas, terão sido levadas durante a guerra civil angolana e têm vindo a ser recuperadas pelas autoridades angolanas e colecionadores privados.

“Explicamos ao povo que é para preservar, guardar e expor, que as coisas têm que vir para aqui, não é para deixar ir daqui para fora”, enfatizou o diretor do museu e responsável pela preparação das expedições que deverão recolher centenas de novas peças junto da população da região.

Depois das últimas obras, iniciadas em 2004 e cuja segunda fase ainda não foi concluída, o Museu Regional do Dundo foi reaberto este ano, e conta com um laboratório de investigação, que ainda será reconstruído, uma estação arqueológica e uma aldeia-museu.

PVJ // EL

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