Lisboa, 15 jul (Lusa) – O antigo secretário executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) Murade Murargy considerou que a cooperação económica e empresarial da organização lusófona atravessa “um certo esfriamento” e instou os Estados-membros a apoiarem as empresas, nomeadamente através da mobilidade.
A poucos dias da próxima reunião de chefes de Estado e de Governo da CPLP, Murargy recordou, em declarações à Lusa, que a cimeira de Díli, em 2014, representou “um grande passo na cooperação económica e empresarial”.
“Noto um certo esfriamento em relação a esta questão”, comentou.
Os países lusófonos, sublinhou, “têm tudo a ganhar em apoiar os empresários”, nomeadamente facilitando a sua mobilidade entre os Estados.
Na opinião de Murade Murargy, a próxima cimeira, que decorre na ilha do Sal, Cabo Verde, na terça e na quarta-feira, “também se deve concentrar na questão económica e empresarial”.
“Ter uma CPLP só para a língua não tem muito conteúdo. Sempre insisti nisto”, disse o diplomata moçambicano, que esteve entre 2012 e 2016 à frente do secretariado executivo da organização.
Na próxima cimeira, os chefes de Estados e de Governo dos nove países lusófonos poderão aprovar o estatuto de observadores associados para mais oito países – Reino Unido, França, Itália, Andorra, Luxemburgo, Sérvia, Argentina e Chile – e, pela primeira vez, para uma organização – a Organização de Estados Ibero-Americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI).
Caso se confirme, a CPLP, com nove membros efetivos, passará a contar com 18 Estados e uma organização como observadores associados, mais do dobro dos membros de pleno direito.
“Essa tem sido uma preocupação minha, o facto de os observadores associados serem mais que os Estados-membros”, disse Murargy, defendendo que os países lusófonos devem “definir um plano de ação sobre o que querem que os observadores façam na CPLP”.
Uma hipótese, sugeriu, é que integrem programas para projetar a língua portuguesa, ou nas áreas da saúde, agricultura ou educação.
Murade Murargy elogiou o tema escolhido por Cabo Verde – “Cultura, Pessoas e Oceanos” – para a presidência temporária da CPLP, que assumirá após a cimeira e por dois anos.
“É um tema amplamente abrangente e se for bem explorado poderá tocar as preocupações que a CPLP tem nesta era da globalização”, realçou.
Durante a XII conferência de chefes de Estado e de Governo da CPLP, Cabo Verde vai assumir o exercício da presidência desta organização, durante o período de dois anos.
Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste são os Estados-membros da CPLP.