Mudanças na área da língua estimuladas por angolanos

O historiador angolano e membro do Comité Científico Internacional do Projecto da UNESCO “A Rota do Escravo”, Simão Souindoula, afirmou na quarta-feira, em Luanda, que a presença de escravos angolanos e do Baixo Congo (congos/angolas) nas grandes plantações em Cuba, provocou várias alterações nos processos linguísticos e antropológicos nas Américas e Caraíbas.
O historiador, que falava durante a conferência subordinada ao tema “La habla conga ou a dinâmica de hibridação bantu no castelhano de Cuba”, realizada na União dos Escritores Angolanos, referiu que entre os processos constam a ditongação, a alteração dos grupos consonânticos, o sincretismo tonal, e a condensação ao domínio religioso.
Acrescentou que um dos períodos de intensas interacções civilizacionais no mundo atlântico foi, sem dúvida, o provocado pela instalação de centenas de milhares de escravos melano-africanos nas Américas e Caraíbas.
Simão Souindoula acrescentou que o processo decorreu, naturalmente, em Cuba, na “Gran Plantacion” que recebeu uma abundante mão-de-obra, até quase ao fim do século XIX, num persistente tráfico clandestino assinalado, sobretudo, no setentrião do actual território angolano.
“A estadia em massa dos escravos africanos angolanos e congos nas grandes plantações de cana-de-açúcar em Cuba, influenciaram os povos latino-americanos, na sua forma de falar e de ver algumas coisas, como a religião e outras”, explicou.
A conferência foi realizada sob orientação do Comité Científico Internacional do Projecto da U­NESCO “A Rota do Escravo” e inseriu-se nas comemorações do Dia Internacional do Tráfico Negreiro e da sua abolição, e nos festejos do Ano das Populações Afro-descendentes, declarado este ano pelas Nações Unidas.

 

FONTE: Jornal de Angola

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