Lisboa, 01 jan (Lusa) – A mudança de governo em Moçambique estará na origem do atraso na ratificação do Acordo Ortográfico pelo parlamento do país, considerou Marisa Guião de Mendonça, diretora-executiva do Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP) em entrevista à agência Lusa.
De nacionalidade moçambicana, Marisa Mendonça participou num conselho de ministros em Moçambique antes de assumir o cargo no IILP e se mudar para Cabo Verde por exigência das novas funções, tendo recordado à Lusa que “o acordo passou” no conselho.
“Mas, depois, Moçambique teve a mudança de governo, teve eleições presidenciais em 2014, e tudo isso provocou, certamente, um atraso”, explicou a responsável, que acredita que “a lei será levada à Assembleia da República dentro de pouco tempo, e seguramente passará, ficando então previsto um período de transição”.
A ocorrência de eleições “mexe com os Estados, porque o governo muda, as prioridades nem sempre são as mesmas, é preciso dar tempo a que o novo governo sinta o pulsar do país e defina prioridades”, sendo que estas passam também “por aspetos orçamentais”.
Marisa Mendonça assegurou ainda que, a nível da Comissão Nacional de Moçambique junto do ILLP, da qual fez parte antes de integrar a equipa do Instituto, tem havido “imenso trabalho no sentido de levar a lei à assembleia”.
“O presidente e alguns membros dessa Comissão têm estado em contacto com o Ministério da Educação de Moçambique para que este processo possa ser desenvolvido e se possa tomar a decisão sobre a ratificação da lei que acomoda o Acordo Ortográfico”, concluiu.
A 10 de maio de 2015, Lourenço do Rosário, presidente da Comissão Nacional do IILP em Moçambique, afirmou que o Instituto estava a trabalhar ativamente nos instrumentos que vão materializar o Acordo Ortográfico, lembrando que o país fora um dos primeiros a entregar o vocabulário nacional destinado à plataforma do VOC (Vocabulário Ortográfico Comum).
De acordo com Lourenço do Rosário, o Acordo ainda não fora, à data, discutido pelo parlamento moçambicano devido às prioridades da atualidade política moçambicana, marcada, nos últimos dois anos e meio, pela crise político-militar entre a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) e o governo moçambicano.
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