– Morfeu? Entregares-te a um “gajo” que só conheces virtualmente?

Apago a luz e a escuridão espreguiça-se no quarto e sussurra no meu ouvido:
– Entrega o teu corpo e mente a Morfeu.
Amoleço os pensamentos e…
Escuto a voz estridente e rebelde da Criatividade, um gene espevitado que um dia caiu da cama, ficou com trauma e agora
não adormece e se entretém em não me deixar dormir também!
– Morfeu? Entregares-te a um “gajo” que só conheces virtualmente???Logo tu? Nem penses!!
Tentei explicar quem era Morfeu, mas a criatividade já ia tão longe que nem ouviu.
No escuro, reparei que também o meu pensamento não estava na cama, tinha acompanhado a doida, através da Fantasia.
Loucura sã, em que as ideias são cavalos belos, de várias cores, a cavalgar pelas areias do deserto e por campos verdes. Não importa se não tem campos verdes colados em desertos. Nada importa, mesmo, a não ser a liberdade que os une. Na Fantasia da Criatividade podem ser o que desejarem, não existem amarras nem perdas. Vive-se eternamente…
A escuridão não é sinónimo de vazio ou silêncio doloroso, é um imenso pano de fundo que se transforma em Céu, Mar ou Terra. Mas isso pode?
O que interessa se pode ou não?
Nada!
A não ser, a delícia da conquista do poder sublime de construir pensamentos, gerar ideias e parir palavras … Que voam tanto como o cavalgar dos cavalos!

Gigi Salazar Manzarra

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