Falando à margem das III Jornadas da Educação Edição 2014, o chefe do Departamento de Planificação e Desenvolvimento Curricular no Instituto Nacional do Desenvolvimento da Educação (INDE) no Ministério da Educação de Moçambique (MINED), Trindade Nahara, afirmou que o ensino de Língua Portuguesa passará das atuais 12 horas semanais para 16 horas.
“Fizemos um diagnóstico, consultámos cerca de 300 professores de todo o país e fizemos uma matriz daquilo que deve ser mudado e uma das críticas era que o tempo de ensino da Língua Portuguesa não era suficiente”, afirmou Nahara.
A insuficiência horária, assinalou, resulta na incapacidade de escrita e leitura de textos simples por parte de alunos do 3º ano do ensino primário.
“Esperamos que, com esta medida, conjugada com outras medidas que estão a ser introduzidas, o aluno termine a segunda classe sabendo ler textos simples, pequenos, porque poucos alunos conseguem atingir essas competências ao fim do primeiro ciclo do ensino primário”, afirmou o chefe do Departamento de Planificação e Desenvolvimento Curricular no INDE.
Segundo Trindade Nahara, a melhoria do ensino da Língua Portuguesa poderá concorrer para a promoção da qualidade do ensino em Moçambique, uma vez que a leitura e escrita são os pressupostos para a consecução do processo de ensino e aprendizagem.
“Se o aluno não aprende a ler, se não desenvolveu as competências da leitura e escrita no primeiro ciclo, não tem as fundações para a sua formação escolar e está condenado”, sublinhou Nahara.
Além do incremento do número de horas, o Ministério da Educação vai igualmente proporcionar uma capacitação adicional ao professores, alterar a orientação metodológica e reformular os manuais de Língua Portuguesa.
Trindade Nahara adiantou ainda que o Ministério da Educação pretende expandir o sistema de ensino bilingue, que consiste no ensino em Português e na língua nativa mais falada na comunidade em que a escola está inserida, para mais escolas do país.
De acordo com Nahara, essa modalidade de ensino está em implementação a título experimental em 326 das 12 mil escolas primárias moçambicanas e será expandida para mais unidades de ensino, dado que “a avaliação da experiência é positiva”.
“Os alunos que tiveram a oportunidade de aprender em Português e na sua língua materna mostraram uma maior capacidade de assimilação de conteúdos letivos”, assinalou o chefe do Departamento de Planificação e Desenvolvimento Curricular no INDE.
PMA // PJA – Lusa/Fim
Fotos:
– O diretor da escola primária completa de Wiriyamu, Carlos Alciano, 40 anos, acompanhado pelos seus alunos, Moçambique, 12 de dezembro de 2012. ANTONIO SILVA / LUSA
– Mulheres moçambicanas. 15/10/2009. ANTONIO SILVA/LUSA