“Uma descoberta relativamente recente foi a consciência de que a língua tem um valor económico importante. Quando se usa o português para redigir contratos ou fazer negociações, é atribuir-lhe um significado económico que não é despiciendo”, sustentou o governante em Lisboa no final da sessão de abertura da 2.ª Conferência da Língua Portuguesa no Sistema Mundial.
Rui Machete afirmou que é comum usar outras línguas, nomeadamente o inglês, mas a “possibilidade de usar o português é extraordinariamente importante, sobretudo perante um conjunto tão vasto de países que utiliza a mesma língua”.
Também os não falantes de português “começam a utilizar a língua portuguesa, e isso é muito importante”, assinalou.
“O interesse pelo idioma aumenta a um ritmo que ultrapassa o crescimento demográfico médio da CPLP [Comunidade de Países de Língua Portuguesa], que é de cerca de um por cento, revelando que falantes de outros idiomas se interessam pela nossa língua”, afirmou o ministro.
Para Machete, “uma crescente afirmação mundial da língua portuguesa tem consequências no domínio económico, atraindo negócios e investimentos” e, nesse aspeto, os oito países da CPLP são “um bloco com uma robustez considerável”, representando 4, 3% do PIB mundial e dois por cento do comércio mundial.
O ministro dos Negócios Estrangeiros salientou ainda a importância do português também para a ciência e para a cultura, alertando que a língua deve “agilizar-se”.
“A nossa língua precisa de agilizar-se para ser um veículo de transmissão da ciência. A língua, para todos nós, é um fator identitário, um fator de capacidade de desenvolvimento da nossa personalidade e dos povos a que pertencemos, mas precisa de ser uma língua moderna, ágil, capaz de não inferiorizar aqueles que a praticam”, referiu aos jornalistas.
O português, acrescentou, “já não inferioriza” os seus falantes: “Pelo contrário, é uma língua muito usada, é hoje a sexta língua mais importante do Mundo e é a terceira no Ocidente. Tem todas as condições para se tornar ainda mais uma língua de ciência e de cultura”, salientou.
Com 250 milhões de falantes (3, 7% da população mundial), a expansão do português, disse o ministro, “deveria merecer particular interesse aos seus falantes e esforços significativos aos governos dos seus Estados para uma política concertada de defesa e de promoção” da língua.
Questionado sobre se a conferência poderá ajudar a dirimir diferenças entre os países da Comunidade de Países de Língua Portuguesa sobre a aplicação do acordo ortográfico, Rui Machete respondeu: “Não sei se poderão ser resolvidas, mas que vão ser discutidas, vão certamente, e aqui é o lugar apropriado para essa discussão”.
O ministro afirmou não ter “uma opinião” sobre a matéria, referindo esperar que “seja feita uma discussão científica”.
“Estou muito curioso para ver quais serão os resultados”, admitiu.
JH // APN – Lusa/fim
Fotos:
– O ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Rui Machete (D) troca impressões com o Secretário Executivo da CPLP, Murade Isaac Miguigy Murargy (E) na 2.ª Conferência sobre o Futuro da Língua Portuguesa no Sistema Mundial.
– O ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Rui Machete (C) acompanhado pelo Secretário Executivo da CPLP, Murade Isaac Miguigy Murargy (E) e pelo reitor da Universidade de Lisboa, António Manuel da Cruz Serra (D), à chegada parta participar na 2.ª Conferência sobre o Futuro da Língua Portuguesa no Sistema Mundial, que reúne, até dia 30 de outubro, especialistas e responsáveis políticos e institucionais provenientes de diversos países, na Aula Magna da Reitoria, em Lisboa, 29 de outubro de 2013. JOAO RELVAS / LUSA