Lisboa, 05 jun 2024 (Lusa) – A ministra da Cultura apresentou hoje, em Lisboa, “as linhas de programação” das comemorações dos 500 anos do nascimento de Luís Vaz de Camões, que assentam em três eixos”, cívico-cultural, de investigação e educativo.
A apresentação decorreu no Mosteiro dos Jerónimos “o lugar certo” para o fazer, como disse Dalila Rodrigues, e contou com a presença, entre outras personalidades, do primeiro-ministro, Luís Montenegro, e dos ministros de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, da Educação, Ciência e Inovação, Fernando Alexandre, e da Presidência, António Leitão Amaro.
As celebrações camonianas desenrolar-se-ão em três âmbitos: um de “natureza cívica e cultural”, outro “no estudo e na crítica científica” e outro na educação.
“Ao assumir estas linhas de programação, com sentido de responsabilidade em relação às preocupações do presente, a Comissão [das comemorações] procurará dar resposta a todos, sem exceção, que se reivindicam dos valores emancipados da nação, com as suas múltiplas perspetivas de desenvolvimento social e cultural, e que pautam a sua consciência de cidadania pelos valores da justiça, da igualdade e da liberdade”, disse a ministra da Cultura, Dalila Rodrigues.
Relativamente ao primeiro eixo, cívico-cultural, “diz respeito à necessidade de atribuir um valor paritário às dimensões cívico-cultural, científica e educativa” colocando em “pé de igualdade os instrumentos de criação e comunicação audiovisual, teatros, museus, galerias, bibliotecas escolas e universidades. Para tal, Dalila Rodrigues reconheceu que será decisiva a colaboração de professores, investigadores e criadores artísticos e culturais. e conseguir mobilizar os agentes culturais.
Noutro eixo, “impõe-se envolver, organizar e apoiar, dando visibilidade, também através do recurso a instrumentos eletrónicos, a diversas iniciativas descentralizadas”, disse a ministra, referindo a rede de bibliotecas escolares, “e valorizar iniciativas oriundas dos mais diversos quadrantes”.
As comemorações estender-se-ão durante dois anos, até 10 de junho de 2026, prolongando-se “no tempo, o estudo de Camões – da sua vida, obra, contexto, e receção ao longo dos séculos – o que poderá dar lugar a novas descobertas e interpretações históricas”, disse Dalila Rodrigues, referindo que será dada “particular atenção à influência camoniana na literatura, na arte, na cultura em geral”.
A ministra destacou três iniciativas sob a égide da Biblioteca Nacional de Portugal, nomeadamente “a disponibilização, segundo um plano classificativo e com instrumentos de busca de uma ‘Camoneana Digital’, a organização de uma grande exposição [e] um ciclo de conferências que culminará com um colóquio em maio de 2026 e a apresentação de uma série de estudos e publicações” às quais “somar-se-ão muitas outras iniciativas”.
“O Ministério da Cultura, além de tutelar diretamente este ciclo comemorativo, garante atividades em diversas instituições e serviços integrados, como a Museus e Monumentos {de Portugal], a Direção-Geral das Artes, a Direção-Geral do Livro dos Arquivos e das Bibliotecas e o Opart [Organismo de Produção Artística que gere o Teatro Nacional de S. Carlos, a Orquestra Sinfónica Portuguesa e a Companhia Nacional de Bailado]”, disse a ministra garantindo que estes organismos “têm vindo a preparar um importante conjunto de iniciativas”.
A responsável pela pasta governamental da Cultura não deixou de fora o trabalho desenvolvido pelas autarquias “a par de todos os apoios que possam vir a ser prestados a companhias de teatro e à produção de filmes e documentários”.
Dalila Rodrigues considerou que há que “congregar as iniciativas” de organizações, empresas e associações profissionais, citando as associações de professores de História e dos professores de Português.
A ministra criticou o anterior Governo que, como declarou, deixou “uma pesada herança”, designadamente “a ausência de programação e de orçamento” destinados ao quinto Centenário de Camões, tendo “sido revogada a anterior estrutura de missão e criada uma nova, mais ampla, alargada ao Ministério da Educação, e com diversos especialistas, [e] reputados camonianos”.
Outro ministério que participa é o dos Negócios Estrangeiros, através da sua rede diplomática e consular, do Instituto Camões, dos centros culturais, cátedras e leitorados.
Dalila Rodrigues quer “captar os esforços de todas as associações ligadas às comunidades de língua portuguesa, bem como atender à riqueza das línguas de convívio no conhecimento e na valorização da obra de Luís de Camões”.
O Governo define como objetivo principal destas comemorações “pensar Camões e a sua obra como lugar cimeiro na memória nacional”, e quer uma “cobertura territorial e a democratização no acesso”, “em cumprimento” do seu programa.
No final de maio, o Governo criou a estrutura de missão responsável pelas comemorações do quinto centenário do nascimento de Luís de Camões, mantendo como comissária-geral a professora catedrática Rita Marnoto, da Universidade de Coimbra.
A nova estrutura de missão inclui ainda dois comissários-gerais adjuntos nomeados pelos ministérios da Cultura e dos Negócios Estrangeiros (MNE), respetivamente Diogo Ramada Curto, diretor-geral da Biblioteca Nacional de Portugal, e Joaquim José Coelho Ramos, vogal do conselho diretivo do Camões Instituto, e um diretor executivo, o editor Vasco Silva, nome associado sobretudo à publicação de poesia portuguesa e de Fernando Pessoa, em particular.
Junto da estrutura de missão funciona um comissariado curatorial, composto pelo diplomata e historiador Manuel Henrique de Melo e Castro Corte-Real, em representação do MNE, a historiadora Manuela Pargana da Silva, coordenadora da Rede de Bibliotecas Escolares, em representação do Ministro da Educação, Ciência e Inovação, e os investigadores e professores universitários Isabel Adelaide Almeida, José Augusto Cardoso Bernardes, Maria de Lurdes Correia Fernandes e Vanda Maria Garrido Anastácio.
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