Mia Couto “surpreendido” com seleção para finalista do Man Booker Prize

“Recebo a notícia com surpresa, seria uma arrogância e de uma vaidade que não posso ter se dissesse o contrário, trata-se de um prémio com prestígio internacional”, afirmou Couto.

O escritor enfatizou que a presença de quatro africanos entre os 10 finalistas mostra o valor da literatura africana, da qual, no seu entender, não se esperava muito.

“África era um continente de futebolistas, dançarinos e escultura, da literatura, não se esperava muito”, frisou Mia Couto.

Além de Mia Couto, integram a lista dos 10 finalistas, César Aira (Argentina), Hoda Barakat (Líbano), Maryse Condé (Guadalupe), Amitav Ghosh (Índia), Fanny Howe (Estados Unidos da América), Ibrahim al-Koni (Líbia), Lázló Krasznahorkai (Hungria), Alain Mabanckou (República do Congo) e Marlene van Niekerk (África do Sul).

Nenhum dos escritores selecionados foi finalista de qualquer edição anterior do prémio e a proporção de escritores traduzidos em inglês é a maior de sempre, cifrando-se em 80 por cento, refere a organização.

Os finalistas foram anunciados pela presidente do júri, Marina Warner, numa conferência de imprensa realizada hoje, na Cidade do Cabo, na África do Sul.

O júri do prémio Man Booker International 2015, constituído por escritores e académicos, integra a romancista Nadeem Aslam, a romancista, crítica e professor de Literatura Inglesa na Universidade de Oxford Elleke Boehmer, o diretor da revista New York Classics Series Edwin Frank e pelo professor de Literatura Árabe Comparada na Universidade de Londres Wen-chin Ouyang.

Na cerimónia de anúncio dos finalistas, o presidente da Fundação Booker Prize, Jonathan Taylor, disse que o organismo está “muito orgulhoso” de patrocinar o galardão que “tem um papel muito importante na promoção da excelência literária”.

O anúncio do vencedor do prémio 2015 decorrerá durante uma cerimónia a realizar no Museu Victoria and Albert, em Londres, a 19 de maio.

O prémio é considerado um dos mais importantes do mundo literário, tendo sido já vencido por nomes como William Golding, Salman Rushdie, Ian McEwan ou Eleanor Catton.

Instituído em 1969, esta é a primeira vez em que um autor de língua portuguesa está nos finalistas anunciados pela organização.

PMA/CP/PJA // JMR – Lusa/fim

Fotos:

– O escritor moçambicano, Mia Couto, fala aos jornalistas durante uma conferência de imprensa sobre a atribuição do Prémio Camões, em Maputo, Moçambique, 28 de maio de 2013. ANTONIO SILVA / LUSA

– foto cedida pela artista plástica Maísa Champalimaud: Desenhos sobre obras de escritores lusófonos

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