Um Manifesto de Óbidos pela Língua Portuguesa foi hoje (13 de outubro de 2023) lançado no Folio — Festival Literário, por um grupo de investigadores que defende a utilização do português como língua de culturas e também das ciências.
Segundo o manifesto a valorização da língua portuguesa “é hoje uma necessidade que se deve opor à uniformização de todas as dimensões da existência humana imposta pela hegemonia da língua inglesa”.
O texto sublinha que “a subalternização científica de uma língua significa igual subalternização de povos, culturas e identidades que nela se exprimem e comunicam”, e defende que “pensar e publicar ciência em várias línguas enriquece a complexidade das expressões humanas”.
Por isso os subscritores apelam às entidades dos estados que utilizam a língua portuguesa nos vários continentes, que “tomem medidas políticas de salvaguarda e de promoção da língua portuguesa como língua de culturas e de pensamento e, sobretudo, como língua produtora de conhecimento”.
As medidas propostas passam por promover uma política de ciência em língua portuguesa, através da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), em Portugal, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), no Brasil, e de outras agências semelhantes que “de forma adequada, valorizem, nas prioridades e na avaliação de centros de estudo e de projetos de investigação, o financiamento da produção científica de qualidade em língua portuguesa, seja de revistas, artigos, livros, atas de conferências e congressos, seja pela incorporação dessas publicações nos catálogos internacionais”.
O documento propõe ainda ações como o reconhecimento da divulgação da produção técnico-científica veiculada em português e produzida por investigadores lusófonos; o fomento da produção de estudos científicos por pesquisadores dos espaços lusófonos e das suas diásporas e a promoção de políticas de divulgação de produtos culturais, designadamente artísticos, comunicados em língua portuguesa.
O grupo de investigadores defende que seja fomentado o financiamento reforçado para a tradução e publicação de obras de autores clássicos e contemporâneos, escritas de raiz em língua portuguesa, além da produção científica de relevo, desenvolvida em português; o reforço da digitalização de documentos em português, “num esforço conjunto das Bibliotecas Nacionais dos vários países da CPLP”, e o desenvolvimento de uma “Wikipédia em língua portuguesa, designadamente no que respeita a figuras da cultura e da ciência dos países de língua oficial portuguesa”, entre outras medidas.
O manifesto foi, simbolicamente, lançado junto do Padrão Camoniano, em Óbidos, no distrito de Leiria, onde até ao dia 22 decorre o Folio, e está disponível em vários locais para o público que o pretenda assinar.
O programa do festival, que teve início na quinta-feira e decorre até ao próximo dia 22, integra 14 mesas de autores, 108 conversas e tertúlias, 40 apresentações e lançamentos de livros, 40 espetáculos e concertos, 21 exposições e 18 sessões de leitura e poesia na vila.
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