Macau, China, 16 out (Lusa) – Macau quer ser o centro de formação do português na Ásia, mas “ainda tem um longo caminho a percorrer”, nomeadamente através do planeamento a longo prazo do ensino, aponta o novo diretor do departamento de Português da Universidade de Macau.
“Macau possui condições para se tornar um centro de formação de talentos bilingues, mas tem ainda um caminho longo por percorrer. Como atingir esse objetivo? Acho que o Governo deve definir uma política a médio e longo prazo e também otimizar os recursos de ensino da língua portuguesa”, diz à Lusa Yao Jingming, o primeiro chinês a dirigir o departamento da única universidade pública de Macau.
O académico, também poeta e tradutor, considera que há várias instituições de ensino superior a oferecer cursos de Português mas não há uma política comum que emane do Governo e contribua para resultados mais eficazes.
“Temos o Instituto Politécnico, a Universidade de Macau, a Universidade de São José, a Universidade Cidade de Macau… mas não há uma política que coordena esses cursos. Cada universidade, à luz da orientação do Governo, devia ter a sua direção própria. Agora ainda não existe esta política superior”, comenta.
Macau tem vindo manifestar vontade de fortalecer o ensino da língua portuguesa – um dos idiomas oficiais do território, a par do chinês –, e em abril o líder do Governo, Chui Sai On, afirmou que a cidade “tem condições para ser uma base de formação” nesta área na zona da Ásia-Pacífico, definindo este como um dos objetivos estratégicos para os próximos anos.
Um planeamento a longo prazo permitiria, na opinião do novo diretor, melhorar a qualidade dos cursos e dos alunos, habitualmente criticados por, apesar de serem ou estudarem numa cidade onde o português está presente, não têm uma prestação tão satisfatória, em termos gerais, como alunos formados em universidades da China.
“Fazemos sempre comparação mas temos de perceber que os alunos da China continental que começam a aprender português foram selecionados a pente fino. Os alunos graduados pela Universidade de Estudos Estrangeiros de Pequim são ótimos, excelentes, mas eles já passaram por um exame nacional para poderem entrar nesta universidade, já estão bem preparados, já falam bem inglês, já têm um conhecimento muito vasto sobre o mundo”, aponta o académico.
Nesse sentido, gostaria que Macau desse “importância ao ensino da língua em universidades, mas também nas escolas primárias e secundárias”
“Se os alunos já vierem preparados, o curso vai ter mais qualidade. A língua é que carrega a cultura, se você não tiver conhecimentos culturais não consegue aprender bem a língua”, remata.