Macau ocupa posição estratégica para difusão do português no Oriente

“Existem elos de ligação entre a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) e Macau, e apesar de a China ter recusado ser membro observador revela interesse constante no desenvolvimento das relações com os países lusófonos, o que se traduz também no aparecimento desordenado da oferta de licenciaturas em língua portuguesa” de estabelecimentos de ensino chineses, considerou Fernanda Gil Costa, numa sessão sobre “Ensino da Língua Portuguesa na China”, no último dia da segunda conferência da língua portuguesa que decorreu em Lisboa.

“Se a Universidade de Macau (UMAC) foi aceite na Associação de Universidades de Língua Portuguesa (AULP) não se compreende porque não há menção no Plano de Ação de Brasília” [aprovado em 2010, na primeira conferência da língua portuguesa] ao português como língua oficial da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM), sublinhou.

A presidente da comissão organizadora da segunda conferência da língua portuguesa e do Camões-Instituto da Cooperação e da Língua, Ana Paula Laborinho, explicou que os planos de ação da CPLP são decididos pelos governos dos oito Estados membros e resultam de uma série de recomendações.

“A CPLP não tem autoridade para incluir a China numa política de língua CPLP”, apesar da vontade muito clara da RAEM e da China de continuar o desenvolvimento da língua portuguesa, acrescentou.

O Plano de Ação de Lisboa vai ser aprovado pelos ministros dos Negócios Estrangeiros [dos oito países-membros], a 04 de novembro, na sede da organização e endossado para a cimeira de Díli, que sucede a Moçambique na presidência da organização.

Fernanda Gil Costa afirmou que a UMAC conta mais de 200 alunos no ‘major’ de Estudos Portugueses, a nível da licenciatura, além de oferecer um mestrado em tradução português-chinês e chinês-português.

Os alunos são de Macau, mas também da China continental, e a universidade regista “uma procura contínua”, tendo estabelecido intercâmbios com as universidades de Pequim e Cantão, disse.

Fernanda Gil Costa defendeu a constituição de uma associação de estudos portugueses na Ásia e o desenvolvimento de parcerias com outras instituições da RAEM, como o Instituto Politécnico de Macau (IPM).

Para o coordenador do Centro Pedagógico e Científico de Língua Portuguesa do IPM (fundado em 2012), Carlos Ascenso André, Macau assume uma posição estratégica, no ensino do português, que é uma das línguas oficiais da região, tem instituições de ensino, condições financeiras e vontade política.

Macau pode desempenhar um papel no ensino da língua portuguesa que não pode ser feito por Portugal, principalmente devido à distância, mas que pode ser articulado com as instituições portuguesas numa lógica de complementaridade.

A conferência de Lisboa reuniu mais de 200 participantes, entre especialistas e responsáveis políticos e institucionais de vários países, com a apresentação de mais de 70 comunicações livres selecionadas pela organização.

 

EJ // JMR – Lusa/Fim

Foto:Macu – Museu do Vinho. 28/05/2002. FOTO MANUEL MOURA/LUSA

Subscreva as nossas informações
Scroll to Top