O pintor, fotógrafo, escritor e cronista cabo-verdiano Abraão Vicente, que organizou, sexta-feira à noite, uma tertúlia numa livraria da Cidade da Praia destinada a celebrar os 90 anos do único Nobel da Literatura do mundo lusófono (1998), falecido a 18 de junho de 2010, diz que, “para os cabo-verdianos, faz todo o sentido celebrar o homem que nos abriu o mundo, que nos abriu a possibilidade de ser produtores de palavras, não só para os 500 mil habitantes que falam crioulo (Cabo Verde), mas também para o mundo”, disse.
“Não só por ser um grande admirador da sua literatura, mas de facto, gostando ou não dele, foi um homem que pegou no Português e disse que é uma língua que se pode comunicar a língua e nível internacional. Temos todas as razões do Mundo para celebrar Saramago”, acrescentou.
Na tertúlia, que decorreu na livraria Nhô Eugénio, na Cidade da Praia, vários poetas, escritores e jornalistas cabo-verdianos, como Abraão Vicente, Daniel Medina, Péricles Barros e Marilene Pereira leram textos, frases, poemas e histórias de Saramago, pelo meio de garrafas de vinho tinto português.
A iniciativa partiu do que responde desta forma a um convite feito recentemente em Lisboa pela viúva do escritor, Pilar del Rio, depois o também deputado ter apresentado o seu mais recente livro “Traços Rosa Choque”, a lançar em Cabo Verde em dezembro.
“Cabo Verde tem um grande património, que é a Língua Portuguesa, e Saramago foi quem nos colocou, a nós, os falantes, no mais alto patamar. É o Nobel da Literatura e não há nenhuma razão para não celebrarmos o homem que nos abre mercados, que nos dá a possibilidade de comunicar na nossa língua com o mundo”, realçou.
“Com Saramago, temos mercado no Brasil, Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Timor-Leste e Portugal”, concluiu Abraão Vicente.
JSD. // RJP.
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Foto: LUSA – Otelinda Nunes junto da estátua do escritor José Saramago, seu amigo de infância, Aldeia da Azinhaga, 18 de junho de 2010. PAULO NOVAIS/LUSA