Lula da Silva foi eleito Personalidade do Ano da Lusofonia

Brasília, 12 dez 2023 (Lusa) – Lula da Silva regressou à presidência brasileira, após mais de uma década, e teve de enfrentar uma tentativa de golpe de Estado, ao mesmo tempo que recolocava o Brasil no mapa do mundo.

Luiz Inácio Lula da Silva foi eleito Personalidade do Ano da Lusofonia pela redação da agência Lusa.

“O Brasil voltou”, foi a frase mais proferida, tanto pelo Governo do atual chefe de Estado, como pelos líderes mundiais que visitaram o país este ano, num claro contraponto aos últimos quatro anos de afastamento diplomático causado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.

Lula da Silva tomou posse em 01 de janeiro de 2023, para o seu terceiro mandato à frente do país, depois de ter sido o chefe de Estado entre 2003 e 2011, recebendo um país altamente polarizado e com uma percentagem grande da população a acreditar, sem provas, que as eleições de 2022 tinham sido falsificadas.

Juntamente com 37 ministros, um número recorde, e nesse mesmo dia assinou 11 decretos e três medidas provisórias: iniciou a política de controlo de armas, restabeleceu medidas de combate à desflorestação na Amazónia, restabeleceu o Fundo Amazónia, revogou normas que incentivavam a mineração naquele local e assinou ainda a medida provisória que recria o Bolsa Família, um plano de apoio mensal aos mais desfavorecidos.

Uma semana depois, em 08 de Janeiro, teve de enfrentar uma das batalhas mais duras da sua longa carreira política, quando milhares de apoiantes do ex-Presidente Jair Bolsonaro invadiram e vandalizaram as sedes do Supremo Tribunal Federal, do Congresso e do Palácio do Planalto, em Brasília, para exigirem um golpe de Estado para o depor da Presidência, à semelhança do ocorrido nos Estados Unidos por partidários do então ex-presidente Donald Trump, derrotado nas urnas, antes da posse do atual chefe de Estado norte-americano, Joe Biden, em 06 de janeiro de 2021.

Enquanto o Brasil lambia as feridas após este ataque sem precedentes às instituições brasileiras, Lula da Silva restabeleceu políticas sociais que tinham sido abandonadas pelo anterior executivo ao mesmo tempo que procurava apoios num Congresso maioritariamente virado à direita.

Mas foi no campo internacional que Lula da Silva mais se destacou: a primeira viagem internacional foi à Argentina, fazer “as pazes” com o seu vizinho depois de quatro anos de relações institucionais frágeis e até hostis por parte de Jair Bolsonaro.

Depois, Lula da Silva deslocou-se ao Uruguai, recebeu em Brasília o chanceler alemão, Olaf Scholz, e foi recebido pelo Presidente norte-americano, Joe Biden, na Casa Branca, sem contar com os vários ministros dos Negócios Estrangeiros que vieram a Brasília, tal como o de Portugal e França. Isto tudo nos primeiros cem dias de mandato.

Ao todo, visitou mais de 15 países este ano, foi recebido pelos maiores líderes mundiais, do ocidente a oriente, procurou ser uma voz ativa de intermediário na guerra entre a Rússia e a Ucrânia, reforçou os laços com os restantes BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) e reivindicou reformas na governação mundial e do Conselho de Segurança da ONU.

Procurou, sem sucesso, um acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia e conseguiu recolocar o Brasil como uma voz importante no combate às alterações climáticas, fruto da diminuição da desflorestação na Amazónia.

Esteve em Portugal, entre 21 e 25 de abril, para participar na cimeira entre os dois Estados, assinou o diploma do Prémio Camões 2019 de Chico Buarque e discursou, depois de muita polémica, na Assembleia da República, no dia 25 de Abril.

No campo das relações lusófonas esteve em Angola e Cabo Verde para visitas de Estado e marcou presença, em agosto, na cimeira na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), em São Tomé, propondo que o português fosse considerado língua oficial das Nações Unidas.

MIM // VM – Lusa/Fim

epa11016450 Presidente do Paraguai, Santiago Pena (E), Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (C), e o Presidente da Bolívia, Luis Arce, participam de evento sobre financiamento do desenvolvimento e integração como parte da LXIII Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul, no Rio de Janeiro, Brasil, 07 de dezembro de 2003. Os principais bancos de promoção do desenvolvimento da América Latina anunciaram durante a cúpula do Mercosul um acordo para financiar conjuntamente as obras necessárias para garantir a integração física dos países da América do Sul . Um total de 10 mil milhões de dólares foram disponibilizados por entidades financeiras para promover a iniciativa. EPA/Antônio Lacerda
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