O historiador Roger Crowley ficou tão fascinado com o poder que Portugal teve que decidiu virar a sua investigação para Vasco da Gama.
Raramente Portugal aparece nas páginas do jornal Financial Times (FT) se não for por razões económicas, mas há pouco tempo juntou-se a essa justificação uma de âmbito histórico: Como Portugal criou o primeiro império global. Trata-se da investigação que o historiador britânico Roger Crowley publicou com o subtítulo atrás referido e com o título de Conquistadores. (…)
A era da globalização inaugurada por Vasco da Gama mudou muito?
Creio que a chegada de Gama a Calecute e o comércio de longa distâncias que os portugueses desenvolveram foi o ponto de partida para o nosso mundo atual globalizado. Agora, tudo está mais profundamente interligado mas o presente foi moldado a par e passo por esse pisar da costa da Índia em 1948. Que acabou com o isolamento da Europa e gerou o fim da ideia da autossuficiência ocidental.
Como foi possível que Portugal saltasse de um pequeno país em 1415 para uma posição global?
Portugal era pobre, tinha poucos recursos naturais e população, por isso até agora nunca fui capaz de precisar o momento em que inicia a criação de um império global. Talvez porque fosse o primeiro país a fixar fronteiras, também porque teve visionários como Henrique O Navegador e o rei João II. Ter uma grande costa ajudou a desenvolver técnicas de navegação e houve uma grande contribuição do conhecimento científico dos judeus sobre matemática e cartografia. No final do século XV, Lisboa tornou-se o Silicon Valley dessa época, onde se desenvolvia o conhecimento mais avançado para a altura. Além de existir um programa de de exploração bem equacionado, tanto assim que cada vez que a NASA quer avançar num programa a espacial de longa duração cita sempre o caso português de progressão na costa de África até, finalmente, descobrirem o caminho marítimo para a Índia.
Os Descobrimentos foram uma revolução comercial ou também ao nível tecnológico?
Tem de ser visto como um todo: uma revolução na navegação e na cartografia, que permitia descobrir como unir o mundo fisicamente através de barcos, e ao mesmo tempo uma mudança radical no comércio. Em resumo, com os portugueses o mundo tornou-se global. Ler o artigo completo (DN)