Luis Turiba, poeta e jornalista
Ó órgão vernacular alongado
Hábil áspero ponteado
Móvel Nobel ágil tátil
Amálgama lusa malvada
Degusta deglute deflora
Mas qual flora antropofágica
Salva a pátria mal amada
Língua-de-trapo Língua solta
Língua ferina Língua douta
Língua cheia de saliva
Saravá Língua-de-fogo e fósforo
Viva & declinativa
Língua fônica apócrifa
Lusófona & arcaica
Crioula iorubáica
Língua-de-sogra Língua
Língua morta & ressurecta
Língua tonal e viperina
Palmo de neolatina
Poema em linha reta
Lusíadas no fim do túnel
Caetano não fica mudo
Nem “Seo” Manoel lá da esquina
Por ti Guesa errante, afro-gueixa
O mar se abre o sol se deita
Por Mários de Sagarana
Por magos de Saramago
Viva os lábios!
Viva os livros!
Dos Rosas Campos & Netos
Os léxicos, Andrades, os êxtases
Toda a síntese da sintaxe
Dos erros milionários
Desses malandros otários
Descartáveis, de gorjetas.
Língua afiada a Machado
Afinal, cabeça afeita
Desafinada índia-preta
Por cruzas mil linguageiras
A coisa mais Língua que existe
É o beijos da impureza
Desta Língua que adeja
Toda a brisa brasileira
Por mim,
Tupi,
Por tu Guesa
Luis Turiba, poeta e jornalista, ex-editor da revista de poesia experimental BRIC-A-BRAC, editada em Brasília de 1985 a 1992, onde fou publicada a primeira grande entrevista do poeta Manoel de Barros. Vive no Rio de Janeiro e tem cinco livros de poesia editados. O último, o livreto artesanal "Inocentes Eróticos" numa edição de apenas 30 exemplares feitos à mão em papel especial, em parceria com a namorada Luca Andrade. Publicou no Rio o livro "Qtais" pela editora 7Letras. Este ano partticipou da edição da antologia "Trinta Anos-Luz" pelo PSIU POético de Montes Claros, MG. " Língua à Brasileira" foi inspirado no livro do mesmo nome de Antonio Houaiss