Líderes timorenses e chefes tradicionais iniciam “desluto nacional”

Díli, 04 set (Lusa) – Os líderes históricos timorenses e alguns chefes tradicionais iniciaram hoje, com uma cerimónia tradicional e a morte de um porco e quatro galinhas, um período de ‘korementan’ (desluto) nacional que se prolonga até 31 de dezembro.

A cerimónia, que decorreu em frente ao Palácio do Governo, em Díli, marca um período que o Governo quer que seja de “homenagem aos mártires, guerrilheiros e veteranos” do povo timorense, que lutaram pela independência do país.

Xanana Gusmão, Mari Alkatiri, Francisco Lu-Olo Guterres, três dos líderes históricos de Timor-Leste, o primeiro-ministro, Rui Araújo, e outros membros do Governo juntaram-se a chefes tradicionais, no grupo Leobesi Karketu Motain, para a cerimónia tradicional.

Todos acenderam velas brancas colocadas à frente de uma grande esteira – o ’cenário’ normal das cerimónias tradicionais em Timor-Leste – entregando depois as quatro galinhas que foram mortas pelos chefes tradicionais para abençoar a cerimónia.

No dia em que se cumprem 16 anos do anúncio dos resultados da consulta popular de 30 de agosto de 1999 – em que quase 80% dos timorenses votaram a favor da independência – Timor-Leste inicia um período de reconhecimento da “persistência, luta e determinação” dos que lutaram pelo país, como explicou Dionisio Babo, ministro da Administração Estatal e presidente da comissão responsável pelos atos de desluto.

Xanana Gusmão, Mari Alkatiri e Rui Araújo discursaram no evento recordando o processo de luta e, ao mesmo tempo, o sacrifico feito por alguns dos fundadores da nação, defendendo “mudança de mentalidades” para o futuro.

Mensagens para a população timorense num processo que pretende “reconhecer o passado” mas, acima de tudo, cimentar a agenda de desenvolvimento do país, homenageando assim os que lutaram pela independência de Timor-Leste.

Em comunicado, o porta-voz do Governo e ministro de Estado e da Presidência do Conselho de Ministros, Agio Pereira recordou o momento, há 16 anos, que marcou “um novo capítulo na história de Timor-Leste, uma nova fase de trabalho para acabar com a violência, opressão, baixar as armas, procurar a ordem e a estabilidade, e mobilizar os meios necessários para construir uma nação”.

O período de quatro meses de desluto nacional, que começou hoje com uma missa solene na Catedral de Díli decorre em todo o país, com atividades tradicionais nos 13 municípios.

As comemorações – que terão como ponto alto o dia 28 de novembro, da declaração unilateral da independência de Timor-Leste, feita pela Fretilin em 1975 -, terminam com o lançamento da primeira pedra para a construção do “Monumento Nacional aos Sacrificados da guerra”.

“Este período irá servir para olhar para o passado, reconhecer o esforço e, de seguida, olhar em frente, abraçar o futuro com união, comprometidos em direção à construção e desenvolvimento de uma nação”, refere o Governo.

Agio Pereira explica que no momento atual se recorda o passado e a perda, e “sem esquecer o passado, continuar unidos no desenvolvimento de Timor-Leste”.

 

ASP // VM

Lusa/Fim

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